domingo, 25 de junho de 2023

Último dia - Toledo e Lisboa

Bom dia! Como assim Toledo e Lisboa, cidades de 2 países diferentes no último dia? Então, isso se chama escala... Hahaha

Acordamos cedo, tomamos café no próprio hotel (caro, mas valeu a pena tanto na otimização da logística quanto no sabor e variedade) e seguimos para o nosso tour em Toledo. Teve que ser em um passo acelerado pois tínhamos que estar no carro para voltar ao aeroporto às 15h.

Primeiro sobre Toledo: sua origem é da ocupação romana na região no século II antes de Cristo. declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1986, Toledo é conhecida como a Cidade das Três Culturas, pois por muitos anos viveram por lá cristãos, muçulmanos e judeus, todos ao mesmo tempo. Essa mistura que a diferencia das demais cidades históricas / muradas da Espanha (pelo menos as que visitamos) pois é possível encontrar igrejas, catedrais, sinagogas e mesquitas, e nos prédios em si é possível identificar traços da cultura e arquitetura de cada um. A cidade é muito mais movimentada do que Ávila, e mais organizada do que Girona (ao menos eu achei). Tem MUITA ladeira, é um sobe e desce eterno, mas vale a pena!

Entramos na cidade murada, que eles chamam de casco histórico, pela Puerta Bisagra, de origem muçulmana com um arco semicircular, sendo a parte externa arredondada e a interna quadrada. Vou pontuar os principais locais pelos quais passamos / visitamos:

- Igreja de São Tiago o Maior / Parroquia de Santiago el Mayor: construída no início do século XIII, a Igreja fica em frente à Puerta Bisagra.

- Puerta del Sol: construída no século XIV, a Puerta del Sol possui típicos arcos de ferradura árabes. O nome vem de um relevo ao lado das paredes, onde entre as figuras, há uma sol.

- Mesquita do Cristo da Luz: é o templo mais antigo de Toledo, +/- do ano 1000 d.C. Estava fechado quando passamos por lá, então não foi possível entrar. Fora tinha um texto descrevendo a lenda da Mesquita. Não me lembro os detalhes mas falava que quando Afonso VII chegou, seu cavalo teve um pequeno acidente na frente da Mesquita, ele desceu, viu uma forte luz apontando para um determinado local e quando escavaram esse local, encontraram a imagem de Cristo em uma pedra ou madeira. Desde então transformaram a Mesquita em um lugar dedicado à religião cristã. 

- Plaza Zocodover: é uma das praças mais famosas de Toledo com lojas, bares, restaurantes, além de ser ponto de encontro para diversos tours (vimos uns 2 free walking tours se organizando lá). Durante a idade média, esse espaço era um mercado. A dica: procure uma porta que tem a placa “Zocodover Restaurado 1945“ em cima do arco. Passe por ela e verá uma estátua de Miguel de Cervantes.

- Alcázar de Toledo: palácio fortificado, construído na parte mais alta da cidade. O maravilhoso dessa construção é que tudo começou a partir de um pequeno Palácio romano construído no século III. Com o passar dos anos ele foi sendo ampliado com incorporações de diversos espaços. A imensa construção atual já foi residência dos Reis da Espanha no século XVI e hoje é o museu do exército e a biblioteca de Castilla-La Mancha. Vale muito a pena entrar no museu do exército. Além de ser gratuito, ele dá acesso a uma linda vista ao rio Tejo e à fachada do prédio. Também dá acesso a uma parte imensa que mostra resquícios da construção romana. 

- Catedral de Toledo / Catedral de Santa Maria de Toledo: teve sua construção iniciada em 1226, e só foi concluída em 1493. Ela é de estilo gótico, inspirada na catedral de Notre Dame, em Paris. Não entramos por falta de tempo, mas a fachada realmente é linda!

- Igreja dos Jesuitas (Santo Ildefonso): construída em 1742 em um dos pontos mais altos da cidade, é possível subir nas duas Torres (130 degraus, +/-). Vale muito a pena, a vista é linda! 

- Sinagoga del Tránsito: antes de falar da Sinagoga em si, tenho que falar do bairro da Judería (judaico) no qual ela se encontra. Observe o bairro e as ruas, especialmente no chão. Sempre tem um pequeno azulejo com uma inscrição ou figura (exemplo a estrela de 6 pontas), ou uma pequena inscrição de metal... As ruas são mais estreitas e as casas tem um estilo completamente próprio. Em relação à Sinagoga, ela foi construída em 1366. Dentro dela fica o museu Sefardí e os dois juntos possuem diversas histórias e informações sobre a comunidade judaica. Eu gostei de ter entrado, especialmente pelo imenso salão de orações que fica logo no primeiro cômodo. Aproveito pra escrever sobre algo que me chamou atenção no país: como a Espanha é inclusiva (ou ao menos tenta ser para alguns "setores"). Primeiro, assim como boa parte dos países desenvolvidos, as sinaleras de pedestre são sonoras, ou seja, tocam quando estão abertas ou prestes a fechar para que os cegos se orientem melhor. Ainda sobre as sinaleras de pedestres, em Madrid, ao invés de só ter a figura de um homem (parado ou andando), também tem as versões de uma mulher, casal hétero, casal gay e casal lésbico. E por fim, vários lugares turisticos, de todas as cidades que fui, possuem um totem específico para cego, não só com o descritivo em braile como também com o mapa do local, em relevos, para sinalizar o que tem naquele espaço em particular. E a Sinagoga também tinha um desse para descrever a principal parece do salão de oração.

De lá fomos almoçar no restaurante italiano Osteria Manzanillo. Pensem em uma coisa MARAVILHOSA? Comi um nhoque gratinado divino, e Gui comeu uma pasta puttanesca que, segundo ele, também estava maravilhoso! Foi nosso excelente almoço de despedida!

Voltando andando para o hotel para pegar o carro passamos por alguns mirantes, pela Sinagoga Santa María La Blanca e pelo Monastério de San Juan de los Reyes.

Pegamos o carro, e fomos rumo ao aeroporto. Entregamos o carro na locadora, pegamos o avião e fomos para a escala em Lisboa. Chegamos lá eram umas 20h e, como a escala seriam de 12 horas, deixamos as mochilas em um locker e fomos jantar no Bairro Alto e Chiado. Caramba, parecia uma data festiva! Eram umas 21:30 quando chegamos lá e em cada rua pequena ou praça estava tendo algum som alto, ou festa com DJ, ou aglomeração com um artista de rua. Todos alegres de divertindo, estava bem animado mesmo! Ficamos andando, curtindo a energia, até chegarmos na pizzaria Valdo Gatti, onde jantamos. De sobremesa, passamos na Manteigaria para comer Pastel de Nata (de Belém). Demos sorte que uma fornada tinha acabado de sair! Depois demos mais um passeio até o elevador Santa Justa e voltamos para o aeroporto.

Quando chegamos lá, a parte de embarque estava fechada, só poderíamos entrar novamente às 3h da manhã. Então nós, junto com outros 20 ou 30 passageiros (sem exageros), acampamos no salão e esperamos dar o horário. Entramos no salão de embarque, aí acampamos em outro local (no andar das salas VIPs) até que a sala abrisse (6h). Quando abriu, nós entramos, tomamos café, descansamos e ficamos lá até o horário do embarque (8h), quando seguimos para o avião, para voltarmos ao Brasil. PS: avião e comida bem melhor do que o de ida. A volta foi pela LATAM.

Clara, escrevendo sobre os dias 23 e 24 de junho de 2023

Ávila - a cidade murada

 Bom dia, pessoas queridas! Para a viagem, planejei conhecer 2 das principais cidades próximas a Barcelona (no final foram 3) e 2 das próximas a Madrid. Hoje começaremos essa última etapa da viagem (conhecer cidades vizinhas de Madrid).

Pegamos o carro alugado no aeroporto de Madrid para seguirmos a viagem. Acho que não falei sobre como o serviço aqui na Espanha é fraco... Primeiro percebemos isso nos bares e restaurantes (desde Barcelona). É MUITO raro você ser atendido por alguém atencioso, gentil, e de forma assertiva e rápida. Fiquei de cara! Sim, tem pessoas ótimas, fofas, mas são exceções. Também tinha sentido isso quando fui pegar o carro em Barcelona, e em Madrid conseguiu ser ainda pior. Demoramos na fila para sermos atendidos bem uns 45min / 50min (isso porque só tinha uma pessoa na minha frente). Depois, a pessoa que me atendeu queria me empurrar alguns seguros extras. Minha sorte foi que algumas coisas eu tinha "aprendido" no aluguel de Barcelona, então tive que focar em fazer perguntas à pessoa para entender o que estava acontecendo. Quando eu pedi para ela falar um pouco mais devagar por meu espanhol não ser meu primeiro idioma, aí ela fechou a cara. Aí comecei a falar em inglês, e ela gostou menos ainda então começou a falar espanhol devagar. Aff... Tinha um Sul Coreano na fila e ficamos conversando exatamente sobre essa questão de serviço na Espanha...

Enfim, pegamos o carro e fomos para Ávila. Ávila é uma cidade espanhola de +/- 60mil habitantes que foi fundada no século XI pelo rei Afonso VII. Seu principal destaque é a muralha que a cerca, monumento que em 1985 foi declarada, junto com a catedral del Salvador, a igreja basílica de São Vicente e o centro histórico local,  patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). 

Chegando lá, não tem como não se impressionar com a muralha! É imponente e completa! Estacionamos o carro na Plaza del Mercado Grande (estacionamento pago, porém preço justo, coberto e 24 horas), e entramos pela Puerta del Alcázar logo à frente da praça. Almoçamos em um restaurante que fica na entrada da cidade dentro da muralha (La Rubia de Ávila), e começamos a passear. A muralha possui 4 pontos de subida. O primeiro que subimos fica bem Puerta del Alcázar e só possui alguns metros de extensão. Ou seja, sobe e desce no mesmo local. Mas comprando o acesso aqui, você tem acesso aos demais pontos.

Depois de percorrermos esse trecho, fomos para a Catedral de Ávila. Ela foi construída “colada” na muralha e foi a primeira catedral gótica da Espanha. Em diversos pontos do muro se vê a catedral. Nós entramos para visitá-la. É bem bacana, mas depois de um tempo as informações do áudio guia começaram a ficar longas e cansativas, sem contar o frio que fazia dentro da catedral (e fora um calor absurdo!). No final tem uma boa experiência com óculos 3D, na qual eles fazer um resumo das principais informações.

Seguimos para o segundo ponto (e o principal) de subida à muralha,  na Casa de las Carnicerías, Calle de San Segundo 17, (acesso é pelo lado externo da muralha). Depois que subimos, só ficávamos nos deliciando. Cada subida ou curva era uma vista e um encanto diferente, seja pelos monumentos, seja pela cidade (que é um charme a parte, com diversas praças fofas). A vista que se tem da Catedral de Ávila, Basílica de San Vicente (que fica na parte externa) e da própria muralha se destacam! Resolvemos seguir pela muralha até o último trecho permitido, e então descemos na Puenta de la Adaja.

De lá, fomos por dentro da cidade murada até o carro, passando por alguns pontos sugeridos como Convento / Igreja e casa natal de Santa Teresa de Jesus (construído no local onde a Santa nasceu), Paseo Rastro, Casa Superunda e Torreón de los Guzmanes (esses dois últimos para observar a construção renascentista, que se diferencia um pouco das demais construções). Por todo esse trajeto mais afastado das entradas principais, a cidade estava MUITO vazia, com vários lugares fechados. Passamos também pela Plaza del Mercado Chic, uma praça que ao redor tem diversos bares e restaurantes (alguns estavam fechados). Lá nos foi sugerido provar as yemas de Ávila, doce típico feito de ovos, na lojinha da Pastelería Iselma (Plaza del Mercado Chico 5). Pensem em um negócio ruim? E pior, não vende a unidade, então compramos uma caixa com 6... Só conseguimos (Gui, eu só dei uma mordida) comer 2, não gostamos mesmo. Agora, é um doce típico, aí é avaliar se vale provar...

Voltamos para o ponto de partida, pegamos o carro e seguimos para o Toledo. Aquí esquecemos completamente de passar por um ponto super recomendado, o Humilladero de los cuatro postes / Mirador Cuatro Postes / Viewpoint of Ávila. Dizem que a vista de Ávila e sua muralha de lá é maravilhosa! Mas já era tarde e realmente nos passamos...

No caminho para Toledo passamos em um mercado para comprar vinhos e coisinhas pra levar pro Brasil, e seguimos para o destino final. Chegamos em Toledo, estacionamos o carro em um dos estacionamentos públicos e gratuitos da região (no Aparcamiento Bajada CLM, que fica próximo ao hotel em que nos hospedamos), deixamos as coisas, jantamos no restaurante El Peñón e voltamos para o hotel para arrumarmos as malas.

Clara, escrevendo sobre os dias 22 de junho de 2023