sábado, 15 de março de 2025

Ressaca do Holi com massagem

Adivinhem? Mais um dia acordando cedo para conseguir pegar uma atração linda de Jaipur vazia: Patrika Gate.

Antigamente, a cidade de Jaipur era uma cidade murada, por isso ainda hoje a cidade possui diversos Gates. São 7 portões históricos, e outros 2 portões mais novos: um deles, construído e aberto ao público em 2016, é justamente o Patrika Gate. Esse nome veio do grupo de comunicações que o construiu, Grupo Patrika. O monumento homenageia o patrimônio arquitetônico e cultural de todas as regiões do Rajastão, tendo cada pilar contando em forma de pintura alguns fatos importantes sobre diferentes partes do estado do Rajastão. Feito o contexto histórico, agora a explicação de ir cedo (06:30): exatamente por ser tão bonito, todo dia lá enche de noivos e fotógrafos para fazerem ensaios fotográficos! Quando chegamos, de fato não tinha ninguém. Mas uns 30 minutos depois, já tinham várias pessoas! O portão realmente é lindo, e cada canto, parede ou pilastra tem um detalhe diferente, uma pintura ou mesmo uma escultura... 

Voltamos ao hotel, comemos um café da manhã divino, e fomos explorar a pink city! Jaipur foi pintada de rosa em 1876 para dar as boas-vindas ao Príncipe de Gales, Albert Edward (que Depois se tornou Rei Eduardo VII). A cor rosa foi escolhida porque simboliza hospitalidade e acolhimento. Desde então, a tradição de manter os edifícios pintados de rosa se manteve, tornando-se uma característica marcante da cidade. Hoje, tem uma lei em vigor que exige que todos os edifícios da parte histórica da cidade sejam mantidos pintados de rosa. Agora, o cartão postal da cidade é sem dúvida, o Hawa Mahal (Palácio dos Ventos). Ele possui uma estrutura em forma de favo de mel, composto por 953 janelas, para que as damas reais de Jaipur pudessem observar o cotidiano das ruas e assistir às festividades da cidade quando essas aconteciam, já que elas não podiam sair do palácio e nem ser vistas pelos cidadãos comuns, apenas pelo Marajá. Passeamos pela rua principal, onde tem VÁRIAS lojinha, e subimos no Wind View café que fica bem em frente ao Palácio dos ventos.

Por fim, fomos para Chakrapani Clinic Ayurveda & Research Center, para fazermos uma massagem Ayurveda. Para quem não sabe, a medicina Ayurveda é um dos sistemas de cura mais antigos do mundo, nasceu na Índia há mais de 5.000 anos, e é baseada no equilíbrio entre corpo, mente e espírito. Eu fiz Marma Abhyanga + Shirodhara. Foram duas horas de massagem, durante as quais eu fui MUITO lambuzada de óleo, inclusive no cabelo! A massagem em si é muito boa, tem uma parte em que o óleo quente fica sendo jogado na testa que é uma delícia! Vale muito a pena fazer! Agora, o cheiro... Me enjoou, tanto o cheiro do óleo quanto o da clínica (que agora percebo que deve ter o cheiro estranho justamente por causa dos óleos). Valeu a pena, mas o cheiro me incomodou bastante. 

Outra coisa que eu gostaria de falar da clínica: foi o primeiro lugar em que vi que a maioria das pessoas que estavam trabalhando é mulher! Ou melhor, tirando hotéis, foi o segundo lugar que vi uma mulher trabalhando. O primeiro foi a loja de Sari, e que, mesmo assim, vi só umas 2 mulheres. Aqui, era grande maioria, tanto que chamou atenção. E aí é perceptível como ainda é muito forte a cultura da mulher ficar em casa, especialmente em cidades menores.

Ah, algo curioso: por todos os lugares que passamos, vimos vestígios do Holi Festival, seja através das pessoas manchadas (eu mesmo estou), seja através das ruas com resquícios de cores. Bem dia de ressaca mesmo... 

Depois da massagem voltamos ao hotel, fizemos um "almojanta" e fomos arrumar as malas. 

Clara, escrevendo sobre o dia 15 de março de 2025

Carnaval na Índia (Holi Festival)

Vamos lá, sempre quando eu pensava na Índia, a primeira coisa que vinha na cabeça era Taj Mahal. A segunda era a parte mística e religiosa (meditação, hinduísmo, Yoga, etc.). Depois, muito depois, vinha o Holi Festival. Verdade seja dita: eu só pensei em vir na época do Holi depois que uma amiga minha, Val, comentou sobre o festival. Eu não tinha noção do que eu estava perdendo... 

Primeiro vamos para o informativo: o Holi Festival (ou Festival das Cores) é um festival hindu que celebra a chegada da primavera e simboliza a vitória do bem sobre o mal. O Holi celebra o amor divino entre Krishna e Radha. Krishna, que tinha pele azul, se preocupava sobre Krishna não amá-lo por causa da sua cor. Sua mãe sugeriu que ele pintasse o rosto de Radha, dando início à tradição das cores. Uma explicação alternativa para justificar a utilização das cores é dar boas-vindas à primavera. 


Outra história vinculada ao festival é a de Prahlada. Ele era devoto de Vishnu e seu pai, o rei demônio Hiranyakashipu, não gostava disso. Então o rei planejou com sua irmã Holika, que possuía um xale encantado que a protegia do fogo, a morte do filho. Holika levou Prahlada para uma fogueira, esperando que ele morresse enquanto ela permanecesse ilesa. No entanto, o xale protegeu Prahlada e Holika foi consumida pelas chamas. Isso simbolizou a vitória do bem sobre o mal.


O festival é celebrado em 2 dias:

- Na noite anterior, com uma fogueira chamada Holika Dahan, na qual as pessoas queimam pedaços de madeiras e outros materiais simbolizando destruição do mal.

- No dia do Holi, as pessoas saem às ruas para jogar pós coloridos (gulas), dançar e celebrar.

O dia do Holi é marcado por diversas festas, públicas ou privadas, espalhadas pelas cidades e por todo o país, com muita música, comida e bebida. Sim, trata-se do único dia que o governo autoriza a bebida alcoólica na rua, em ambiente público. Isso fez com que, no nosso grupo, a gente fosse para uma festa privada, para garantirmos tranquilidade e segurança. Renata, muito caprichosa, providenciou tanto as batas brancas para usarmos (praticamente todo mundo usa branco) e os pós coloridos (foram algo em torno de 17kg). A bagunça já começou no ônibus, com muita cantoria, música alta e dança! Chegando no local da festa, já na entrada começamos a jogar as cores uns nos outros! E aqui farei alguns comentários gerais:

- Na festa tinha muitos gringos (que nem nós), mas também tinham indianos, o que foi maravilhoso porque aprendemos com eles a dançar diversas músicas. Isso mesmo, chegou um ponto que estávamos em um grupo grande, todos dançando, e zoando! 

- A festa contou com 2 bandas indianas e músicas mecânicas nos intervalos.

- Gente, sério, eu me senti no Carnaval. Dançando "solta", ouvindo apenas o ritmo das músicas e deixando o corpo me levar! Todos que estavam ali estavam para brincar, para curtir, deixando o clima do lugar muito bacana, bom, positivo! Ninguém ligando por estar suado, todos jogando cores ente si, sem estresse algum... Várias crianças indianas curtindo junto, o que deixava a coisa ainda mais leve e positiva! Eu não tinha noção de que precisava vivenciar essa festa, e sou muito grata por ter tido essa oportunidade. Uma frase que Bruna Porto, aqui do grupo, falou e que representa muito esse momento e sentimento é "colorindo por fora, limpando por dentro".

- No final, tive o previlegio de vivência uma cena maravilhosamente fofa: estávamos saindo, e eu ainda tinha comigo um saco cheio de pó colorido. Me cruzei com uma família indiana, parei e fui dar o saquinho para uma garota pequena, devia ter uns 3 ou 4 anos. Quando mostrei o saquinho pra ela, ela pegou um pouco do gula, com as duas mãos fofas, e de forma muito cautelosa e meiga colocou nas minhas bochechas. Eu morri! Com isso me abaixei ainda mais, peguei um pouco e coloquei nas bochechas dela. Aí insisti para entregar o saco e ela repetiu a ação. Linda demais! Deu vontade de levar ela para casa! Paty, também do grupo, fez o mesmo movimento com ela, linda demais! Aí insistir com a mãe que estávamos querendo dar o saco, então ela pegou e agradeceu! 

- Já do lado de fora, nós ficamos cantando no meio da rua! A galera do trânsito e da rua zoando e cantando junto, bem divertido. Aí chegou uma hora que começamos a cantar "Eu não vou embora", e chegaram 3 brasileiras correndo e começaram a cantar conosco! Depois passaram alguns brasileiros em um tuk tuk e ficaram cantando também. Foi bem engraçado, muito divertido mesmo!

Voltamos para o hotel, tomamos um banho (afemaria... Banho longo!), almoçamos no hotel mesmo e voltamos para a região onde fizemos a meditação no dia anterior. Lá tinha uma joalheria (não vi nada de interessante), tivemos uma consulta com astrólogo (a astrologia não bateu, mas a leitura de mão bateu direitinho) e fizemos um desenho de rena na mão. Depois voltamos para o hotel.

Clara, escrevendo sobre o dia 14 de março de 2025

sexta-feira, 14 de março de 2025

Tour em Jaipur

Mais uma vez o dia começou cedo, muito cedo, muito cedo mesmo! Saímos do hotel 06h da manhã pois às 06:30 tínhamos uma aula de Yoga, focado em respiração. 

A aula foi na casa do guru Satish GuruJi, e foi ele mesmo quem a conduziu. Confesso que tive um pouco de dificuldade para entender ele, mas uma coisa interessante que ele comentou é que todo mundo costuma respirar melhor de um lado da narina, mas esse lado muda devido a diversos fatores relacionados ao corpo da pessoa. Terminada a aula, tivemos um café da manhã vegano e orgânico. Eu comi umas frutas e um biscoito bem bom!

Saímos de lá e começamos o tour por Jaipur. Primeiro passamos pelo Paço de Água Panna Meena Ka Kund, um baori (poço em degraus), construído no século XVI, esse poço era essencial para o armazenamento de água durante todo o ano. Além de sua função prática, o local servia como um ponto de encontro para os viajantes e uma área de descanso para aqueles que passavam pela região. Ele é bem bacana, com várias escadas simétricas que levam até a base do poço, cujo nível de água pode variar a depender das chuvas. Hoje não é mais possível descer as escadas, assim como a água não é mais potável.


Próxima parada foi Amber Fort. Ele foi construído em 1592 para ser moradia do imperador. Fica no topo das colinas que rodeiam a cidade de Jaipur, podendo subir até ele de jipe ou de elefante. Nós fomos de jipe, claro! Nas colinas, na verdade, existem 3 fortalezas construídas e com conexões entre si via passagens secretas, mas só exploramos a Ambar. Sua muralha é a 3a maior do mundo, com 12km. As edificações foram construídas por diversos imperadores ao longo do tempo, até que no século 18 o então imperador resolveu construir sua moradia em Jaipir, a atual Palácio da Cidade. O lugar é muito bonito e tem uma vista linda para um lago artificial.

A parada seguinte foi justamente no Palácio da Cidade. Construído entre 1729 e 1732, ele servia como casa real e sede administrativa dos governantes. Hoje ele continua sendo a residência da família real de Jaipur, porém, uma parte dele está aberto para visitações, abrigando um museu, restaurante e pode ser alugado para realização de eventos. O lugar é bem bonito, mas achei o museu bem fraco.

De lá, fomos almoçar no Bardari Restaurant, que fica no próprio Palácio. O restaurante é lindo, tem várias opções de comida, mas o atendimento é PÉSSIMO. Aqui faço um adendo: atendimento em restaurantes na Índia é ruim como um todo, SEMPRE teve algum erro como entregarem prato errado ou cobrar algo errado na conta. Mas o Bardari conseguiu superar todos que fomos até agora. Os garçons demoravam de nos atender, eles esperaram 20min para informar que os pratos solicitados não tinham mais, entregou prato sem trazer talher e, ainda assim, a gente teve que ir lá pega-los... Enfim, bem caótico. 

Passamos bem rápido por Jaipur Boutique Carpet, uma loja / fábrica de tecidos e tapetes. Estávamos todos cansados, nem ouvi direto as explicações que eles fizeram sobre a tecelagem... 



Terminamos o dia indo para o Birla Temple, um templo hindu construído com mármore branco em homenagem ao deus Vishnu (o Ser Supremo, deus da conservação) e à deusa Lakshmi (deusa da prosperidade, riqueza, fortuna, poder, beleza, fertilidade e prosperidade). Além da construção, o lugar onde ele está é muito bonito! O curioso é que em uma das faixadas tinham imagens de outros deuses ou santos de outra religiões, como Jesus Cristo! 

De lá, voltamos pro hotel. Karen (minha roommate de Jaipur) e eu pedimos comida no quarto e fomos dormir! 

Clara, escrevendo sobre o dia 13 de março de 2025

quinta-feira, 13 de março de 2025

Maravilha da viagem: Taj

 Hoje foi o dia! O dia especial da viagem, o dia de entrar e explorar o Taj Mahal! Quem só foi dormir por volta de 1h da manhã, para acordar as 4h? Ansiedade que fala? 

Sim, acordamos 4h e pouca da manhã para sairmos do hotel às 5h. O objetivo era pegar o Taj com o mínimo de pessoas possível, então chegamos antes da abertura (6h). Fomos os primeiros da fila de turista, mas a fila de indianos já estava imensa... Pela primeira vez senti um pouco de frio aqui, estava uns 18 graus (sim, para mim é frio). Ficamos na fila e, quando abriu, foi uma galera entrando, parecendo uma manada! 

Entramos, fomos andando, andando mais um pouco, viramos à esquerda e deu para ver o Taj Mahal de longe, e aos poucos ele foi se revelando cada vez mais... Chegando no Portal dos Anjos, é possível ver toda a sua  grandiosidade! Gente, me veio um sentimento tão forte, felicidade, gratidão, realização, reflexão... Muitos sentimentos, todos juntos, aí comecei a chorar! Fiquei ali, longe, no meu momento, tentando absorver o que eu estava vivenciando, mais uma Maravilha, mais uma experiência, a concretização de mais um desafio. Fiquei quieta, só sentindo... Aí senti um abraço forte (Ana, minha Parça, super companheira / amiga desta viagem). Fui andando, e recebi mais um abraço forte, acolhedor e encorajador ao mesmo tempo (Renata, nossa super líder). E aí me entreguei ainda mais à gratidão, pois eu estava muito apreensiva pois foi a primeira Maravilha que eu vi com pessoas que possuo zero intimidade, não sabia como agiria e como o pessoal reagiria. Cada visita tenho sentido coisas diferentes, venho trazendo bagagens diferentes, então realmente não sabia se me sentiria à vontade e bem para vivenciar a experiência, e foi maravilhoso. Com esses abraços, eu relaxei e me deixei levar 100% pelo que estava sentindo por estar realizando mais um sonho, concretizando mais uma conquista que, mais uma vez, está vindo com desafios e necessidade de sair da minha zona de conforto... Realmente só tenho a agradecer!  

Agora, voltando ao Taj... O Taj Mahal é um patrimônio da humanidade e uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno. Ele foi construído pelo imperador mogol Shah Jahan em memória de sua esposa favorita Mumtaz Mahal (além dela, ele tinha outras 3 esposas que estão enterradas no complexo, em prédios mais afastados do Taj que hoje são usados pelo governo). A construção começou em 1632 e foi concluída em 1653. Ele queria criar um monumento que simbolizasse seu amor eterno por ela e que durasse por gerações, e tinha planos para fazer um mausoléu para ele, em frente mas do outro lado do rio, de mármore preto. Mas aí ele saiu do poder, o filho dele virou imperador e o prendeu, não havendo, assim, a construção. Algumas curiosidades:

- Tudo no complexo é simétrico, desde a construção do próprio mausoléu branco quanto o jardim e os prédios rosas. Ele construiu uma Mesquita em um lado do Taj Mahal e, para manter a simetria, construiu um prédio igualzinho para ser a "sala de estar". O túmulo dela fica exatamente no centro do prédio. 

- A única coisa não simétrica é o túmulo dele. Originalmente, era para ter o mausoléu idêntico do outro lado do rio. Como o filho dele, então imperador, não autorizou a construção, as filhas pediram para construírem um túmulo ao lado do amor dele. Ou seja, não fazia parte do projeto original. Os corpos do imperador e de sua amada estão mais embaixo, em um lugar que não é aberto para visitação. 

- O prédio fica na beira do rio. Para evitar danificações na estrutura, ele possui como base uma madeira que, quanto mais água, mais firme fica. Com isso, o governo precisa garantir que o Rio sempre tenha água.

- Ele é todo feito de mármore branco com pedras preciosas encrustradas, na mesma técnica que vimos no dia anterior e as inscrições dos portões são versos do Alcorão escritos em persa.

- Os quatro pilares ao redor da cúpula são um pouco inclinados para que, em caso de algum desastre, não caiam sobre o prédio. 

- Antes, tinham várias pedras preciosas por todo mausoléu, além de portas e diversos outros itens de ouro. Segundo Anup (o guia), tudo que hoje está em metal antes era em ouro (portas, detalhes das torres, etc).

Voltamos para o hotel, tomamos café da manhã, pegamos o ônibus e começamos nossa viagem rumo a Jaipur. Assim como no dia anterior, tivemos mais uma tarde de apresentações e depoimentos fortes, lindos e tocantes. 

Anup também ficou um bom tempo compartilhando conosco como funciona atualmente casamentos na Índia. Segundo ele, atualmente 70% da população fica na zona rural, onde o casamento arranjado é mais forte. Ainda assim, 80% dos casamentos indianos, hoje, são arranjados, enquanto que 20% são "por amor". De acordo com Anup, para avaliar a compatibilidade de um casal, é importante que eles tenham costumes equivalentes. Para isso, eles veem castas, religião, região onde cresceram, posição social, árvore genealógica e, acreditem, mapa astral! Enquanto que na cidade o pessoal já usa site de encontros ou classificados do jornal para encontrar pretendentes, na zona rural os pais continuam falando com conhecidos para encontrá-los. Tiveram várias outras curiosidades que ele compartilhou, mas essas foram as que achei mais interessantes! 

Chegamos no hotel, tomamos banho e fomos jantar em um restaurante italiano chamado Bar Palladio. Lugar lindo, comida bacana! De lá voltamos para o hotel. 

Clara, escrevendo sobre o dia 12 de março de 2025

quarta-feira, 12 de março de 2025

Rumo à Agra (e ao Taj)

Bom dia!! Acordamos cedo, tomamos café da manhã e pegamos o ônibus rumo à Agra! Sim, cidade onde fica o Taj Mahal, uma das 7 maravilhas do mundo moderno, um dos motivos para eu estar aqui nesta jornada... 

Como são 05 horas de viagem de Deli a Agra, durante o trajeto tivemos várias coisas: dormidas, aulas sobre diversos assuntos relacionados à cultura indiana por parte de Anup, parada "técnica" em um posto com uma Starbucks muito fofa que tinha uma fachada completamente indiana, e o mais impactante e maravilhoso: cada uma de nós, do grupo, se apresentar e compartilhar histórias! Sim, ao longo das viagens de carro que tivermos, a ideia é que cada uma conte um pouco de si e de sua vida. Acho que já escrevi mas, só pra ratificar: o grupo é formado só por mulheres, e guiado/liderado por uma mulher. Somos um total de 14, sendo Renata a líder que organizar e conduz, Linda que co-lidera, e 12 "turistas" mulheres, de 30 a 50 anos, que também estão em busca de auto conhecimento. As apresentações e histórias de hoje foram lindas e emocionantes!

Chegando em Agra, Anup a chamou de vilarejo, afinal, "só" tem 1 milhão de pessoas... Como é uma cidade muito turística, tem MUITO ambulantes, então Anup nos trouxe mais um aviso: se você tocar em uma mercadoria, mesmo sem querer, vai ter que comprar e, se comprar de um, os outros virão com muita intensidade em cima de você. Vimos isso acontecer com um turista que estava sozinho, foi estranho... Então, se não tiver interesse, nem olhe para a mercadoria! Fora a quantidade de pessoas não ambulantes que chegam perto para pedir dinheiro, principalmente crianças...

Nossa primeira parada foi na Fortaleza Vermelha (ou Agra Fort). O forte serviu como residência principal dos imperadores mongóis até 1638, quando a resistência foi transferida para Delhi. Dentro do forte ficavam diversos edificios do imperador e do governo, como o Diwan-i-Aam (Salão de Audiências Públicas) e o Diwan-i-Khas (Salão de Audiências Privadas), além dos palácios Jahangir Mahal e o Khas Mahal. É bacana observar que a fortaleza não foi construída toda em uma mesma época. As edificações foram construídas por 3 imperadores diferentes, e isso pode ser observado pela arquitetura e material utilizado (arenito rosa ou mármore). Outra curiosidade: estava um calor absurdo, mas as construções são feitas de tal forma que, dentro, vc sentia ar fresco (por causa do material) e vento. No meio do tour pelo forte, o que vimos em uma das janelas? O lindo Taj Mahal! Limdo MESMO, todo imponente! Uma das partes do forte que tem a vista para o Taj é a área onde o imperador mogol Shah Jahan, que o construiu, viveu seus últimos anos preso pelo filho. Ou seja, ele morreu vendo sua obra para sua amada...

De lá, fomos para uma loja / fábrica de objetos feitos com mármore. Não anotei o nome do lugar, mas é muito interessante, especialmente porque ele mostra como os itena são feitos, de forma manual com as pedras incrustadas no mármore. Primeiro eles fazem os desenhos, depois vão raspando e moldando para, por fim, irem colocarem as pedras. Vimos peças lindas e muito bem feitas!

Por fim, terminamos o dia no The Salt Café, que tinha uma vista bem bacana para o Taj Mahal. Vimos o por do sol lá, jantamos e fomos para o hotel. 

Clara, escrevendo sobre o dia 11 de março de 2025

terça-feira, 11 de março de 2025

Agora uma Índia mais parecida com as do filme

Bom dia! Hoje foi o dia de conhecermos Old Deli, ou seja, a parte mais antiga da cidade, com mais "bagunça", ruas muito mais cheias, muito morador de rua, e vacas... SIM, finalmente vi vacas, 2 na verdade!

Primeiro passamos pela frente do templo Shri Digambar Jain Atishay Kshetra Lal Mandir, o mais antigo e conhecido templo Jain. Passamos por ele para o guia nos mostrar como a suástica é presente em diversos símbolos de religiões indianas. Ele explicou que a suástica significa boa sorte no hinduísmo, pois, de acordo com a lenda, o elefante cuja cabeça foi pra Ganisha, teve seu corpo encontrado  no formato da suástica, e Shiva definiu que simbolizava boa sorte. E quando o símbolo possui pontos, significa proteção, sem pontos é só decoração. 

Depois começamos a explorar Old Deli e fomos em direção ao templo de Shiva. O curioso: hoje é segunda-feira, dia de Shiva. Então, o Templo estava lotado! Compramos oferenda e fomos levar ao templo. Gente, uma confusão! Tiramos os sapatos, entramos no templo, e para conseguir chegar no lugar de colocar as oferendas, foi uma doideira.. Sério! Não consegui sentir nada, ver nada, uma loucura de gente, de empurra-empurra, pessoas limpando o chão só excesso de água, outras querendo sair, outras simplesmente paradas... Aí saímos de lá, fomos para uma área lateral, e de repente o pessoal começou a cantar / rezar, em um outro local de frente ao local de colocar as oferendas, e veio uma coisa tão forte que simplesmente fui pra lá. Que energia! Me arrepiei, cheguei a me emocionar. Fiquei quieta, só observando as pessoas, a unidade que se formou naquele canto, a vibração de cada um.. Aí uma indiana me deu uma vela e me mostrou o que fazer com ela, eu fiz, depois ficou batendo palmas, e todos cantando enquanto as pessoas entravam para dar as oferendas... MUITO especial! Aí reparamos que tinham pessoas fazendo fila para "falar" com o touro e assim como no Nepal (claro, mesma religião), Anup (o guia) explicou que, como Shiva está meditando, as pessoas falam seus desejos / pedidos para o boi que, quando Shiva acordar, vai repassar pra ele.

Seguimos a caminhada por Old Deli até chegarmos no Gurdwara Sis Ganj Sahib, templo Sikh construído em 1783. A religião Sikh foi fundada no século 15, e uma característica de todos os templos é que eles servem comida e bebida de forma gratuita todos os dias, para qualquer pessoa que entre no local do refeitório, pois o foco da religião é fazer o bem à comunidade. Outra característica é que eles rezam pra um livro, e não para um santo ou guru. Eles acreditam que depois de um tempo, tudo o que os gurus sabiam e podiam compartilhar já foi transcrito no livro então não é mais necessário adorar alguém, então é importante que todos aprendam a ler para estudarem o livro. Com isso, as pessoas no templo rezam virados para o livro, que fica no "altar". Para entrar no templo, é necessário que todos (mulheres, homens, crianças) tirem os sapatos e cubram a cabeça, em sinal de respeito. Dentro tem um mini "altar" com o livro, ao lado um trio cantantando e tocando cânticos e o chão todo de tapete. Na frente, a sala é grande e completamente vazada com um espaço imenso delimitado pra as pessoas entrarem, sentarem ou ajoelharem, e rezarem (no tapete). Do lado de fora dessa delimitação (mas ainda dentro da sala) também tem tapete, mas pode ficar em pé. O Templo fica aberto 24 horas, mas o livro fica exposto "apenas" das 5h às 22h, e a área onde eles dão comida fica em outro local.


De lá entramos ainda mais em Velha Deli. Me lembrou as ruelas "toscas" do Nepal, que só passavam tuk-tuk e com a fiação de luz que parecia um ninho, porém em uma escala absurdamente maior (de tamanho, de gente passando, de fios pendurados, de quantidade de lojas...). Só ficamos em uma parte pequena, que tinha comidas e roupas, e era um mundo! O guia só fazia repetir "não se percam, fiquem em fila indiana, me avisem se pararem"... Outras duas dicas importantíssimas que ele deu foram: 1) não dê dinheiro pra ninguém. Se você der para uma pessoa, várias vão chegar junto. 2) negociem, não aceitem o 1o preço. Entre as lojinha que vimos e paramos, destaco uma que estava vendendo pó colorido para o Holi Festival (com cores absolutamente vivas, lindas) e uma que vendia especiarias. Mas essa segunda relativamente arrumadas, com qualidade! E para voltar para o ônibus, a melhor parte: voltamos de Rikhisaw (mas que eu chamo de tuk tuk). O início normal, com os sustos normais, várias vezes achamos que o cara iria atropelar alguém ou bater em outras pessoas (ou motos, ou carros, ou outros tuk tuks). Aí o cara começou a pedir dinheiro, e já tinha nos falado que não era para darmos nada, pois o guia já tinha pago. Aí nos fingimos de desintendidas e, de repente, o cara foi pra contra mão! Sim, isso mesmo, estávamos indo e os carros vindo em nossa direção! Ana e eu gritamos feito duas doidas aí não aguentei e comecei a ter crises de risos... E ele equanto pedalava, virava pra gente e fazia o símbolo de dinheiro com a mão como se estivesse pedindo dinheiro.. 


Enfim, mesmo com essa confusão toda, chegamos salvas no ônibus! Fomos almoçar no restaurante The Imperial Spice, e depois fomos para o Qutb Minar, lugar onde tem a maior torre de tijolo do mundo. Ela fica em um complexo arqueológico de mesmo nome. Anteriormente, o complexo alojava um conjunto de vinte e sete templos hindus e jainistas que foram demolidos para utilizar material na construção da Mesquita Quwwat-ul-Islam, ao lado do Qutb Minar. 

De noite, fomos para um dos 50 melhores restaurantes da Ásia, o Indian Accent. Ó restaurante fica dentro de um hotel e realmente é muito bom. O pessoal pegou o menu degustação, mas eu peguei A La Carte, afinal, meu paladar infantil não gostou dos pratos que foram servidos... 

Clara, escrevendo sobre o dia 10 de março de 2025 

segunda-feira, 10 de março de 2025

As famosas de Nova Deli

Bom dia! Eu diria que hoje é o primeiro dia oficial de explorar a Índia, especificamente Nova Deli. Isso porque ontem estávamos direto do voo, todas cansadas, meio que "rodando no automático"... 

O dia começou no Kartavya Path Redevelopment Proposal. É uma área imensa, construída para reubarnizar o antigo Rajpath, que se estende do Rashtrapati Bhavan (casa da presidenta da Índia) até o India Gate (lindo memorial dos soldados que sacrificaram suas vidas pelo país) em Nova Delhi. As duas construções ficam nas estremidades e tem um grande passeio de pedestre que as ligam entre si. O trajeto é cortado por 4 ruas, e ao redor tem vários prédios do governo. O lugar é lindo, muito arborizado, com vários jardins e flores. De cara nos sentimos famosas: somos 14 mulheres no grupo, nos juntamos para tirar foto no portal. Aos poucos, mulheres e crianças indianas ficaram olhando e tirando foto nossa. Aí as chamamos para se juntar a nós e, de repente, MUITA gente "entrou" na foto, foi muito engraçado! Agora, uma coisa que é o lado "ruim" de estar em grupo: deu muita vontade de caminhar por todo o local, de uma extremidade à outra, mas não rolou... Só vimos de perto o Indian Gate...

Uma curiosidade: o país possui 22 idiomas oficiais, isso porque cada região da Índia tem seu próprio idioma, seus próprios costumes. Por isso, para tentar ter uma unidade, todos falam inglês. Com isso, as escolas costumam ensinar o idioma da região onde ela se encontra e inglês. Agora, o engraçado: eu estava plena falando "obrigada" em hindi, igual ao do Nepal, e várias vezes as pessoas não me conheciam. Fui falar com o guia, e ele disse umas 3 formas diferentes de dizer "obrigada", e devido aos diversos idiomas, pode ter acontecido de pessoas não conhecerem hindi. Resultado, segundo ele, para garantir, é melhor falar "namasté". 

A segunda visita foi no Templo Akshardham, que significa casa / morada de Deus. É um dos maiores templos hindus do mundo, feito quase todo em mármore e absolutamente cheio de detalhes e talhados no mármore, em TODOS os lugares das instalações. Um ponto surpreendente: ele foi construído em apenas 5 anos, o que é inimaginável pois o lugar realmente é imenso e todos os detalhes foram feitos à mão. Ah, não tenho fotos porque lá não pode entrar com nenhum eletrônico (celular, relógios) ou bolsas grandes. Deixamos tudo no ônibus, e só levamos um lenço para cobrir os ombros. Eu não lembro das informações (foram muitas), mas o guia explicou cada detalhe do templo. Cada item tem um motivo, uma explicação. A riqueza de detalhes é uma coisa de louco! O lugar que eu mais gostei foi uma parte dos 10 Portais. Esses portais são uma homenagem aos dez principais avatares de Vishnu e cada um deles conta uma história da mitologia hindu. Além de ter trazido uma energia ainda mais bacana, quando você se coloca no centro, ao falar, você ouve um eco. Atenção, só você ouve esse eco, não precisa estar vazio e não precisa falar alto. É realmente mágico! 

De lá fomos almoçar em um restaurante internacional chamado Beeyoung Brewgarden. Não era a 1a opção, mas era a que estava vazia e cabia todas nós. Estava passando a final de um jogo de cricket, Índia vs Nova Zelândia então, mesmo estando vazio, estava divertido. E a comida estava maravilhosa, comi um frango MUITO bom!

Por fim, saímos de lá para uma loja / fabrica que vende tecidos e Saris, chamada I. N. A (Indian National Arts). Eu achei que iria encher o saco, ficar entediada, mas me diverti MUITO vendo todas experimentando o Sari, aí fiquei pegando no pé do dono da loja para dar um Sari para Renata (ela leva pessoas lá há não sei quanto tempo e o cara nunca tinha dado nada para ela), ele acabou emprestando um na condição de eu experimentar algum, vesti um (lindo) mas não comprei (USD 100,00), depois ficamos um outro bom tempo vendo os lenços e pashminas... Foi engraçado! 

Na volta, eu gostei tanto da massagem de ontem que acabei fazendo outra de novo. Pior que fui fazer uma diferente e não foi uma decisão acertada, pois a de ontem foi bem melhor... Depois comemos no próprio hotel e fomos dormir! 

Clara, escrevendo sobre o dia 09 de março de 2025

domingo, 9 de março de 2025

Cansaço bateu

 O voo para a Índia foi longo, mas bom. Consegui dormir um pouco, vi um pouco de filme, mas a comida... Não consegui jantar, o frango estava muito apimentado. Mas no café da manhã deu pra comer o ovo mexido. 

Chegando no aeroporto, a migração foi bem tranquila. Pega um formulário, o preenche, tem vários guiches para fazer a entrada, e os oficiais fazem perguntas bem básicas... A mala que demorou mais de chegar, o que me deixou agoniada pois todo o grupo já tinha chegado, só faltava eu! Ao sair da porta de embarque, fui recebida com um lindo colar de flores, e um abraço cuja energia emanava "bem-vinda"!

O caminho para o hotel foi bem tranquilo! Pelo menos em Nova Deli, onde estamos, o trânsito está funcionando direitinho (carro, ônibus, tuk-tuk, moto, tudo junto e misturado), ruas bem arborizadas, sem nenhuma vaca no meio do caminho! Agora, desde o avião, é perceptível a poluição... Não tinha uma nuvem no céu, mas é absolutamente visível a "névoa" constante que não deixa o céu claro. Outra coisa que chamou a atenção é a quantidade de pessoas do exército nas ruas. Achamos que era pelo fato do hotel ser perto dos prédios do governo, mas o guia comentou que é por proteção mesmo, pois a "Índia não tem uma boa relação com o Paquistão"...

Bom, deixamos as coisas no hotel, tomamos um banho e fomos almoçar no restaurante indiano Pind Balluchi. Eu comi um frango grelhado bom! Depois fomos para um mercado chamado Janpath Market que tinha bem na frente do restaurante. Rapaz, tanta roupa barata... Várias de "marcas" como Michael Kors ou Zara. Nesse mercado tinha pouco artesanato, e muito indiano comprando lá! Ficamos um tempo rodando nas lojinhas do mercado e depois voltamos para o hotel.

Agora, chegando no hotel, mesmo super cansada, fui fazer uma massagem. Gente, que massagem espetacular! Foi uma decisão mais que acertada pois, depois da massagens, estava no ponto para ir dormir! Eu fui dormir eram umas 21:40 (horário local), de tanto sono que eu estava. Mas deu 2h da manhã eu despertei, e demorei pra dormir novamente...

Clara, escrevendo sobre o dia 08 de março de 2025