sábado, 17 de setembro de 2022

Rumo à segunda etapa da viagem

 Hoje começa a maratona da segunda etapa da viagem, e o motivo para eu estar aqui no Nepal.

9 horas nos encontramos com as pessoas do projeto que estavam em Katimandu, para pegarmos a Van. Originalmente íamos de ônibus, mas foi possível alugar uma Van para nos levar até a cidade de Besisahar.

Além de longa, a viagem foi uma aventura... 1o a Van era para ser só nossa, mas eles colocaram outras 3 pessoas. Não teria problema, se não estivéssemos todos amontoados nas malas. Aí no meio do caminho o motorista parou, disse que iria colocar as malas em cima da Van porque iria colocar mais pessoas a Van. Bloqueamos isso, até porque estava chovendo e as malas iriam molhar. Sem contar que, como falei, nós pagamos extra para ter uma Van particular.

Mesmo assim, nos divertimos muito! As pessoas do projeto são bem bacanas, alto astral! Nos divertimos bastante com a situação, sem contar com as paradas (todos os banheiros estilo indiano, com o porcelanato no chão para fazer as necessidades de cócoras)

A viagem em si foi uma aventura. Lembram do trânsito caótico que comentei sobre Katmandu? É a mesma coisa na estrada. Aí você acrescenta que não tem cinto de segurança, estávamos em cima das malas, estrada absurdamente esburacada, chuva, e ultrapassagens radicais. Também passamos por cima de alguns riachos... Mas pelo menos posso dizer que o motorista era bom!

Chegamos em Besisahar umas 16h. Compramos algumas comidas (eu particularmente já trouxe muita coisa do Brasil), e pegamos o ônibus rumo ao destino final.

Outra viagem, mais ou menos 1 hora, em uma estrada de terra bem complicada. Mas o ânimo do grupo não diminuiu, então continuamos nos divertindo! Quando chegamos na escola, já estava escuro, então não deu para ver muita coisa. Nos acomodamos nos quartos, recebemos as primeiras informações, jantamos (sim, eu comi o Dal Bhat, arroz con lentilha, um pouco apimentado mas ok) e fomos dormir pois o dia seguinte será puxado! 

Clara, escrevendo sobre o dia 17 de setembro de 2022, sábado. 

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Himalaia 0 x 2 Nuvens

Acho que esta será a postagem mais curta dessa viagem, ou ao menos até o momento. Apesar do dia ter sido longo e cansativo, não fiz TANTA coisa...

De manhã levamos as roupas para lavandería (USD 1,00 / kg!!!), fizemos umas últimas compras importantes, voltamos para o hotel e pegamos o carro para fazer o passeio do dia!

A primeira parada foi em Bhaktapur. Sim, já estivemos lá, mas a cidade ficava no caminho e como tínhamos falado para o guia que tínhamos provado e gostado do Ju Ju Dhau, então o guia nos levou para uma "fábrica" (mais para a casa do cara que faz) para comermos novamente. É um iogurte caseiro, bem gostosinho que só é produzido em Bhaktapur.

A segunda parada foi no templo de Changu Narayan, templo de Narayan (uma das reencarnações de Vishnu), deusa da proteção. É o templo hindu mais antigo do Nepal, que teve que ser reconstruído e/ou reformado após os terremotos. Ele estava em reforma, então não deu pra ver muita coisa. O que me chamou a atenção foi que ele possui pinturas coloridas em suas fachadas de madeira, não me lembro de ter visto isso em outros templos.

De lá, iniciamos nossa caminhada até Nagarkot. Isso mesmo, caminhada! Nagarkot é uma cidade pequena super famosa por sua vista para a cordilheira do Himalaia. Todos fazem recomendações tanto para ver o nascer do sol quanto o pôr do sol, sugerindo até dormir uma noite lá e conseguir pegar os dois espetáculos! No nosso caso, resolvemos fazer a trilha para pegarmos o pôr do sol!

Quando iniciamos a caminhada, até que o tempo estava bem agradável! Tinha sol, mas não estava super quente pois tinham as sombras das árvores e das nuvens. Pelo caminho, encontramos de tudo: animais (cachorros, gatos, MUITAS galinhas, vacas, bodes, bois...), vários vilarejos (vimos pessoal fazendo álcool e pipoca), plantações de milhos e muita maconha. Isso mesmo, VÁRIOS pés de maconha espalhados pelo caminho!!! Fumar maconha aqui é ilegal, mas como é uma forma de adoração a Shiva, alguns Hindus específicos possuem autorização.

O caminho começou tranquilo. Depois de um tempo, a subida começou a se intensificar... Aí vinha uma descida, depois diversas outras subidas... Claro que no caminho paramos tanto para descansar, quanto para tirar fotos e para tomar chá no meio do caminho em um vilarejo. Mais uma vez a impressão que eu tive no 1o dia em Nepal se ratificou: existe um templo a cada esquina! Aqui, até no meio da floresta, em um vilarejo minúsculo, ou uma encruzilhada, tem templos / monumentos, tanto hindus quando budistas!

Foi cansativo, viu? Estou velha, e sem qualquer condicionamento físico... No total, foram 12,8km de subidas e algumas descidas, que fizemos em 3h45min. O tempo??? Então... Durante o percurso pegamos bom tempo, sol entre nuvens. A medida que fomos chegando no destino final, as nuvens foram fechando, a chuva começou a cair... Aí já viu... NADA de conseguir ver nem as montanhas do Himalaia, nem um pôr do sol descente... Afff... Mas tínhamos que tentar, né? 


Clara, escrevendo sobre o dia 16 de setembro de 2022, sexta-feira.

Dois lugares poderosos

Bom dia, pessoas!!! Hoje o dia não teve TANTA vivência diferente, mas visitamos dois lugares super importantes não só para a cidade de Katmamandu, mas também para o país como um todo! 

Primeiro fomos visitar Boudhnatah Stupa. Trata-se da maior estupa budista do Nepal e, segundo o folheto, do mundo, com um total de 43 metros de altura.  Em 1979, ela passou a pertencer à lista de Patrimônios Mundiais da Unesco. 

A estupa fica no centro de uma imensa praça, cercada por vários monastérios, restaurantes e lojinha de souvenir. Com a invasão chinesa ao Tibet, em 1959, muitos tibetanos fugiram para Katmandu e se refugiaram nesses monastérios. 

A grande estupa de Boudhanath foi construída numa plataforma branca (chamada bahal) com três níveis e 120 metros de diâmetro e uma torre dourada de 36 metros de altura. Se vista de cima, o formato é semelhante à uma grande mandala: com 5 budas representando os pontos cardeais (norte, sul, leste, oeste e centro) e também os cinco elementos (terra, fogo, água, ar e éter/céu).Pintado na torre estão os olhos de Buda, que te acompanham durante a caminhada.

Seguindo a tradição tibetana, como todo templo e monumento budista, é necessário andar em volta da estupa no sentido horário , assim como é necessário girar os cilindros de reza nessa direção. Caso tenha que ir de um lugar para outro que seja mais perto no sentido anti-horário, mesmo assim deve dar a volta mais longa. Além disso, nos disseram que é importante dar 3 voltas na estupra. Então, logo quando chegamos, demos as 3 voltas, em sentido horário, sentindo o local e fazendo nossa prece particular.

Depois fomos tomar um café / almoçar no Hymalayan Java Coffee. É um restaurante bem ocidental, mas estava tudo gostoso, e ainda tinha uma linda vista para a estupa!! Vale muita a pena!

Uma coisa que ainda não falei, e que no Nepal é bem forte, ainda mais nos lugares em que o budismo é o foco, foi sobre as bandeiras coloridas / de oração. Praticamente todos os lugares que fomos até agora, tem ao menos uma sequência dessas bandeiras pendurada. A bandeira da oração é também chamada de Lungta. Elas possuem mantras escritos, orações que indicam as palavras de compaixão, amor, harmonia e boa vontade para todos os seres. A ideia é que a vibração do vesto batento nas banderas faça fluir a energia positiva para todas as direções. As banderas possuem 5 cores, que devem seguir uma sequência exata, que denotam os 5 elementos: o Amarelo-terra, verde-água, vermelho-fogo, Branco-ar, Azul-céu.

Depois saímos de lá e fomos para a Buddha Park que fica do lado da estupra. É uma praça pequena, mas uma graça! No fundo, ela possui pequenas estupas simbolizando momentos importantes da vida de Buda durante sua iluminação espiritual até sua ida ao Nirvana!

De lá, fomos andando até o Templo Pashupatinhath. Foi uma caminhada de mais ou menos 30 minutos, por ruas nada turísticas. Mesmo assim, foi ótimo. Fomos por uma rua cheia de escolas de idiomas, maioria inglês. 

O Templo Pashupatinath é um complexo imenso com diversos monumentos, templos, santuários e pagodes dedicados ao deus hindu Shiva. O complexo fica às margem do rio Bagmati, o que é extremamente importante para as cerimônias de cremação. Sim, é nesse complexo que tem a tradicional cremação de corpos do hinduísmo.

Acompanhar uma cerimônia de cremação é bem impactante. Na beira do rio ficam as plataformas nas quais os corpos são cremados.exiatem as plataformas VIPs e as comuns. No passado, o que diferenciava a utilização de cada uma eram as castas. Hoje é o dinheiro (quem. Puder pagar, usa a plataforma VIP e madeiras melhores para queimar).

Quando o corpo chega, ele é posicionado com os pés virados para o rio, para serem lavados e purificados. Depois, usam a água do rio pra a "lavar" e purificar todo o corpo. Então o corpo é colocado na pira e o fogo é aceso. Esse processo é longo, e existe toda uma regra de quem faz o quê (filho mais velho / marido / esposa, etc). O processo de cremação dura em torno de 3 a 4 horas. Depois que o corpo termina de queimar, pega-se um pedaço do músculo que tenha sobrado, coloca-se dentro de um pano ou saco branco junto com arroz e outras  pequenas coisas, e aí enterra no rio. Mas duas das cerimônias que vimos, eles jogaram esse pacotinho. Disseram que era porque o rio estava cheio.

Uma coisa curiosa: as pessoas que morrem de COVID são cremada separadas, não nas plataformas abertas do rio. Outra curiosidadade: o complexo possui uma casa para aposentados (tradução livre, eles mencionam "retirement place) onde Madre Tereza trabalhou.

Ficamos lá até terminar a cerimônia Aarati (cerimônia com luzes). Essa cerimônia acontece todos os dias, após o anoitecer, para reverenciar o rio e o templo. Durante a cerimônia eles dançam Tandav (dança divina de Shiva, ou algo do tipo). 

Toda a experiência no Templo Pashupatinath foi bem forte. Correção, todas a duas visitas foram bem fortes. Um fluxo de energia muito intenso. O primeiro foi leve, porém reflexivo. O segundo, por incrível que pareça, não foi negativo. Porém, forte. Especialmente durante o Aarati, dava para sentir a concentração das pessoas ao redor, o sentimento, as entregas... Por mais que pensar que cremação seja algo negativo, por ser relacionado à morte, aqui é como se fosse mais uma etapa, que as pessoas respeitam. Não sei explicar, mas acho que vale muito a pena ir e vivenciar isso!

Clara, escrevendo sobre o dia 15 de setembro de 2022, quinta-feira. 

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Terceira praça Durbar e Kumari

Fomos conhecer a terceira praça Durbar, a de Patan, que fica na cidade de Laliptur (do lado de Kathmandu). Lembrando que são 3 cidades importantes no Vale de Katmandu, e cada uma tem sua praça da época em que cada uma delas tinha seu próprio rei... 

O primeiro destino foi a Praça Durbar em si. Sim, também tem uma taxa a ser paga para acessá-la, o equivalente a USD 10,00. Aqui eu tive o primeiro impacto: o que a diferencia das outras é que em Patan a praça e os templos (pagodas e estupas) estão completamente misturadas / "entrenhadas" / no meio das casas residenciais. Não tem uma "região antiga" ou concentração dos templos. Mesmo a praça Durbar, você olha para os lados e vê prédios e casas residenciais.

O objetivo era explorar a cidade, então não pegamos guia. Até porque, a essência é a mesma: tem os templos hindos (pagoda), Shiva é o principal, tem as estupas budistas, cada Deus (e/ou sua reencarnação) com seus respectivos templos, o Palácio Real... E também queríamos andar por nós mesmas, nos perder e nos encontrar pela cidade. Foi o que fizemos! 

Começando pelo Palácio Real! Entramos nele, fcamos explorando-o e sentindo o local. A praça interna dele é imensa. Pelo que pesquisei, sua Praça do Palácio é a mais antiga das três cidades.

Claro que também andamos pelos templos da Praça. O que tinha diferente aqui é que foi possível entrarmos em 2 dos templos, subir as escadas e ver a vista (nenhuma outra cidade fizemos isso). 

Depois fomos para Hiranya Varna Mahavihar, também conhecido como Golden Temple, um templo e monastério intocado pelo terremoto de 2015, datado de 1409 e que (dizem) é uma das construções mais impressionantes de Patan. Leva este nome por sua estrutura de ouro que brilha muito. Ele não fica na praça Durbar, mas fica próximo, dá para ir andando tranquilamente. Essa caminhada reforçou a impressão inicial que eu tive de que em cada esquina tem algum monumento, de qualquer tamanho, no meio das casas e ruas. Como fomos sem guia, seguimos o caminho do Google Maps. Tenho certeza que não fomos por um caminho turístico, o que foi sensacional!

Chegando no Golden Templo, dois seres humanos nos abordaram, afinal, duas gringas andando pela cidade, o que mais aconteceu foi gente se aproximar para ser guia ou pra vender coisa. Então isso não só era normal, como estava acontecendo em uma quantidade bem maior pelo fato de estarmos sem guia nem nada, e por isso nem perguntamos os nomes. Vou chamá-los de "azul" e "baixinho" para facilitar a história. Assim que nos abordaram, fizemos o automático dizendo que não queremos nada, e tal. Aí o baixinho (que não falava absolutamente nada de inglês) saiu mosyrando que ele era a pessoa com quem deveríamos comprar os ingressos. Pedimos desculpas (baixando a cabeça, com as mãos juntas em oração), compramos os ingressos e entramos.

Gente, que templo lindo! Ele é grande, mas parece pequeno, pois é apertado (fica esmagado entre prédios residenciais). Pelo que entendemos, ele não fica aberto sempre mas como hoje é o último dia do festival de Indra Jatra, estava aberto. Quando estávamos ainda no início da exploração, o de azul veio nos abordar novamente. Falei pra Val que eu ia fingir que não sabia falar inglês e então ficaram só os dois falando e eu rindo e observando. Só que esse cara era muito chato, não sei explicar. Enfim, enquanto estávamos ainda no pátio, veio o Baixinho. De relance não o tinha reconhecido e, no automático, já fui dizendo não. E ele insistiu, e quando realmente olhei para ele o reconheci. Ele tinha ido atrás da gente para dar o papel do ticket de acesso. Pedimos desculpas novamente, claro, e seguimos o barco. Tiramos algumas fotos, e o de azul ainda no nosso pé, querendo explicar coisas mas dizendo nada com nada. A única coisas que de fato acrescentou foi que ele nos levou ao monastério (andar de cima), e então foi possível explorar uma outra parte do templo que, quando chegamos, só tinham 2 locais (isso mesmo, nenhum turista).

Enfim, o templo é realmente especial! Diversos detalhes maravilhosos, muito bem cuidado, e todo dourado. Só dá a sensação de ser apertado, isso me incomodou um pouco. No meio do templo apareceu uma tartaruga (isso mesmo) e até ela era dourada (juro)! 

Estávamos fazendo as últimas explorações do templo, e o de azul veio de novo. Sugeriu alguns lugres para tirarmos fotos e veio dizer que ele era dono de loja/escola de Thanka. Aí entendemos tudo! Eu ainda tenho que falar sobre isso aqui, mas já posso adiantar que todas as abordagens que fizeram conosco sobre Thanka foram as mais chatas... Enfim, ele ficou insistindo para conhecermos a escola, falamos que não iríamos, ele disse onde era a escola e foi embora.

Continuamos com as fotos e, quem chega? O baixinho! Dessa vez o reconhecemos! Ele ficou mostrando onde tirar fotos (lembrem que, se ele fala 15 palavras em inglês, era muito!), aí mostramos para ele que já tínhamos tirado fotos lá. Então ele começou a fazer poses no local, e fomos tirar fotos com ele. Ele ficou tão feliz, que começou a tentar conversar com a gente. De repente, ele começou a apontar para as fotos das Kumaris, pois o lugar em que estávamos tinha a foto das Kumaris de cada cidade (recapturado o passeio em Katmandu, Kumari é a Deusa viva, reencarnação da Deusa Taleju, garota pura que fica nessa "função" até menstruar, ou perder sangue ou ficar doente). Aí entendemos que ele disse que ia vê-la naquele momento e nos perguntou se queríamos vê-la também. Claro que aceitamos.

Rapaz.... Foi uma doideira, tudo muito rápido. De repente, estávamos indo atrás do baixinho pelas ruelas de Patan. Entramos em casas (isso casas), saímos em becos, passamos por corredores que definitivamente só locais passavam, e tudo MUITO rápido. O cara quase corria, e nós íamos atrás! E, detalhe, em nenhum momento ficamos com medo! Só mesmo impressionadas e sem saber exatamente o que estava acontecendo. Nessa caminhada pelas "quebradas" de Patan, vimos que de fato em cada esquina há um monumento, uma construção, uma adoração a algum Deus. Alguns bem cuidados, outros nem tanto, mas nenhum esquecido / largado. Enfim, ficamos nessa bem uns 10 minutos até que chegamos em uma casa, que tinha a imagem da Kumari, e ele começou a buzina (sim, tinha um aviso em inglês que intuía buzinar antes de entrar). Aí ele começou a apontar para nossos sapatos, tiramos os sapatos, entramos, subimos as escadas, mandaram lavarmos as mãos, lavamos, nos levaram para uma sala e ficamos lá. 

De repente, não é que Kumari de Patan chega carregada na sala e é colocada no trono / poltrona (sei lá o nome)? Ah, sim, carregada porque ela não pode colocar os pés no chão. Ficamos sem reação, não sabíamos o protocolo. Aí vimos o baixinho se ajoelhar diante dela, ela fazer algo com ele, e ele levantar (gente, tudo muito rápido, não dava pra processar). De repente ele olha pra mim e mostra dinheiro, como se dizendo que era para fazemos uma doação pra ela, e pra nós ajoelharmos em frente a ela. Peguei um dinheiro qualquer rápido e fui. Aí uma santa que falava um pouco de inglês disse que era doação para educação dela, que um dólar (+/- 100 rupias) já ajudava, que era só simbólico. Aí falaram pra eu ajoelhar, mas não sabia o que fazer... Foi ridículo... Aí entendi que a Kumari ia fazer o 3o olho na minha testa, aproximei minha cabeça, ela fez a marca na minha testa com o dedinho minúsculo (ela é uma criança MUITO pequena), aí ela me deu flores, disseram para eu jogar em cima da minha cabeça, fiz isso, aí disseram algo que não entendi (algo em relação aos pés dela, mas realmente não entendi), e me levantei.

Aí Val foi fazer o mesmo processo. DOIDO!!! MALUCO!!! No final o baixinho falou para ficarmos uma de cada lado pois ele ia tirar uma foto nossa com ela, e foi o que fizemos (mas claro, sem nos aproximarmos muito dela), e aí ela foi carregada e foi embora. 

Tipo... Oi???? Na saída fiquei olhando onde estávamos, e vi que tinham algumas indicações / cartazes de que ela vive lá e tinham horários de possíveis visitas... Mas, ao mesmo tempo, o próprio livrinho turístico que recebemos ao pagar o ticket da praça fala que a casa da Kumari muda de tempos em tempos e que "even a glance at the Kumari is considered to be good luck.". Ou seja, ao mesmo tempo que foi surreal, será que foi fake? Eu não consigo acreditar que é fake, esquema pra "pegar turista", até porque o lugar estava vazio, e USD 1,00 não é nada... 

Enfim, de lá fomos em um café chamado Ga Baha Cafe (uma delícia) e sentamos pra processar o que aconteceu... E uma coisa me chamou a atenção: dissemos não para o baixinho 2 vezes, e ainda assim ele veio com o coração aberto para proporcionar essa experiência diferente conosco... Mesmo a experiência de andar pelos becos e casas da cidade, já foi fantástico! Considerando que a Kumari era real, então.... Inexplicável! 

Depois voltamos para um templo pelo qual tínhamos passado com o baixinho pois o achamos bonito. Novamente a experiência de ter um templo grande, esse bem espaçoso, tendo uma pagoda e uma estupa na mesma praça. Praticamente como se fosse uma igreja pequena de bairro, mais aqui estava bem claro que aquela pracinha era do quarteirão, nem do bairro era, e ainda assim linda, absurdamente bem cuidada. Os detalhes das portas e janelas da padoga são indescritíveis. Fui procurar na Internet e eu acho, ACHO, que estávamos na Bidhyadharsarma Samskarit Yashodharvarma Mahabihar / Bubahal Digi (nomes tirados do Google Maps)! 

Próxima parada Pimbahaa Pukhoo / Buddha Stupa. Oficial, foi o lugar que eu mais gostei! Atenção, não é o templo que mais gostei mas o lugar que mais gostei de Patan! Ele tem uma estupa completa e grande, e fica em frente a um lago muito fofo, cujas construções de apoio são todas em estilo pagoda. E na lateral do lago ainda tinha um templo hindu, Shree Chandeshwori Mai (segundo Google Maps). Ou seja, mais um exemplo do convívio das duas religiões, no dia a dia da cidade (não tinha nenhum turista na região, só nós duas). Lugar lindo, encantador!

Por fim, terminamos o tour por Patan indo para uma das Ashok Stupa (Pucho Thoor). De acordo com o livrinho turístico que ganhamos na Durbar Square, o imperador Ashoka teria construído 4 estupas budistas no século 3 para delimitar a então cidade de Patan e por isso estão localizadas no norte, sul, leste oeste. Só visitei uma. 

Voltamos para Katmandu, nos organizamos e fomos nos encontrar com Raph e Joel (os suíços do projeto) para irmos para o festival de Indra Jatra. Hoje foi o dia de encerramento do festival, e além das celebrações em si, as Kumari de cada uma das cidades do Vale de Katmandu iriam "desfilar" em charretes enfeitadas (como se fossem carros alegóricos) pela praça Durbar e região.

Estava bem cheio, mas nada absurdo (especialmente quando minha referência é o Carnaval de Salvador). Foi possível circular com calma, ver algumas das oferendas, passar por diversas bandas de sopro que ficavam circulando com pessoas atrás. Foi bem bacana. Quando estávamos indo embora, não é que uma das charretes se aproximou e passou por nós junto com uma Kumari? Mas não sabemos dizer de qual das cidades ela era... Na volta ainda passamos por uma apresentação de dança que estava tendo (com os dançarino vestidos a carácter). 

Val e eu fomos jantar no Fire and Ice Pizzeria (pizza mais ou menos, e cara), e voltamos para o hotel. 

PS: perguntamos no hotel se o que vivenciamos em Patan com a Kumari era real ou faxe. Mostramos as fotos, inclusive a foto de "Baixinho", e o cara falou que em Patan isso poderia acontecer, sim. Que pela foto, baixinho de fato parecia ser da região. Ele não acreditou quando falamos que baixinho nem pediu dinheiro para nós levar até a Kumari. Mas, segundo ele, não era fake, não! 

Clara, escrevendo sobre o dia 14 de setembro de 2022, quarta-feira. 

terça-feira, 13 de setembro de 2022

Segunda praça Durbar

Antes de tudo, uma mudança que fiz: antes eu respondia aos comentários na própria postagem do blog, agora estou respondendo no próprio campo de comentários, ok?

Hoje foi dia de conhecer uma segunda Durbar Square, agora a de Bhaktapur. Ela possui três nomes em diferentes idiomas: a cidade do arroz, “Bhadgaon”, em nepali, a cidade dos devotos, “Khwopa”, em newari. No entanto, é como Bhaktapur que é mais conhecida. A cidade fica a 13km de Kathmandu. Tem ônibus que liga as duas cidades, mas nós preferimos ir de táxi. Um detalhe dos táxis que eu não tinha comentado ainda: todos que andamos até agora sempre colocam tapetes nos bancos!


Uma observação / correção de uma das postagens passadas: agora que já fui para outras cidades, e saí do centro turístico de Katmandu, posso dizer que nas avenidas grandes há, sim, faixa de pedestre. Se as pessoas a respeitam é outra história... Vi semáforos, todos quebrados e, no lugar, tinham guardas de trânsito tentando organizar as coisas...

A cidade é composta por 4 praças importantes que merecem ser visitadas: Durbar Square, Taumadhi Square, Dattatreya Square e Pottery Square. Assim como Katmandu, para acessar a praça Durbar é necessário pagar uma taxa. Aqui, não vi nada sobre fazer revalidação desse ticket, mas acho que vale se informar na bilheteria caso tenha interesse em ter acesso à praça por mais dias. Devido ao deslocamento e à quantidade de coisas para conhecer, vale muito a pena ir pra cidade sem limite de hora. Até porque, essa parte turística de Bhaktapur tem um charme à parte e é muito mais tranquila de se passear. O ar é bem mais limpo, as pessoas não ficam se esbarrando umas nas outras, a arquitetura dos prédios / construções são muito mais aconchegantes... Dá vontade de ficar lá por um bom tempo, curtindo cada pedaço e detalhe. Tanto que quando negociamos com o táxi (quer dizer, nós, não, nossas amigas da recepção do hotel), ele queria ficar lá por apenas 2 horas e no final ficamos umas 3h30min.

Ainda não fui à Patan Durbar, mas entre as praças Durbar de Katmandu e a de Bhaktapur, a 2a é muito mais bonita, conservada, prazerosa de se passear! 


A princípio íamos explorar a região por nós mesmas. Eu tinha feito uma pequena pesquisa e, vimos que boa parte dos significados eram equivalentes à Durbar de Katmamandu. Porém, o preço do guia era tão barato (uns USD 7,00 para nós 2), que fechamos com ele. Assim como ontem, é muita informação, então vou pontuar as mais interessantes. 

• O portal por onde se passa para entrar na praça (e onde você compra o ticket) era o portal de entrada da cidade. Foi destruído completamente no terremoto e reconstruído. 

• Quase todos os templos das praças são hindus. Mesmo assim, aqui também há influência de 3 diferentes arquiteturas nos templos: pagoda do hindu, sicara da Índia e stupa do budismo. 

• Golden Gate: portal da entrada principal do Palácio Real. 


• Palácio Real: construído no século 15, possui 55 janelas, todas de madeira muito bem talhadas / trabalhadas, e algumas delas feitas pelo próprio rei. 55 porque era a idade do rei quando ele decidiu pela instalação dessas janelas. 

• A Praça possui um sino grande, era o sino de comunicação. Ele era tocado quando algum inimigo estivesse se aproximando da cidade. 

• Na frente de um determinado templo (não lembro o nome, mas fica bem próximo à entrada o Palácio Real) tinha um Bark Bell, sino que, ao ser tocado, parecia latido de cachorro e os cachorros da cidade se aglomeravam perto dele. Após algum dos 3 grandes terremotos, esse sino foi destruído e seu som nunca mais recuperado. 

• Em alguns templos tem estrelas de 6 pontas cravadas (similar às dos judeus). Aqui, ela possui o significado de conhecimento e educação. 

• Pottery Square: praça onde é possível ver de perto o trabalho dos artesãos locais. 

• Nyatapola Temple: localizado na Praça Taumandhi, é o templo mais alto do Nepal. Abre apenas 1 vez ao ano. Foi construído no século 17, em apenas 6 meses (foram necessárias 3000 pessoas). O templo possui cinco andares e trinta metros de altura. Cada lance de escada é guardado por guardiões de pedra: gigantes guerreiros, elefantes, leões, mistura de águia com mamífero (não lembro o nome) e deuses, cada figura sendo dez vezes mais poderosa do que a localizada no "andar de baixo".

•  Taumandhi Square: os templos deste praça, inclusive o Nayatapola, resistiram ao terremoto. 

• As portas são pequenas para que, quando as pessoas entrem nas casas / palácios / templos, sejam obrigadas a fazerem reverência em forma de respeito. 

• Atualmente Nepal possui 125 castas (+/-). Diz Santohs (o guia) que isso já não importa nas grandes cidades da capital, mas que nas montanhas isso faz muita diferença. 

• O filme Pequeno Buda foi filmado na cidade. 

• Aqui ainda se fazem sacrifícios de animais em festivais. Isso pode ser feito apenas com búfalo, frango, pato, carneiro e cabra. 

• Algumas casas budista penduram / colocam uma bandeira diferente da do Nepal. Ela possui 5 cores concentradas em 5 linhas, azul, branco, vermelho, verde e amarelo (sempre nessa ordem, assim como as bandeiras de oração que são espalhadas por todo o Nepal). Cada uma das cores significa um elemento: Céu e espaço; ar e vento; Fogo; Água; terra. 

• Os templos tanto hindus quanto budistas possuem espelhos para que as pessoas possam colocar a pintura do 3o olho no local certo do rosto. 


Uma outra dica da cidade: as coisas em Bhaktapur são MUITO mais baratas do que as de Katmamandu. E como estamos em época de baixa estação, a negociação é ainda mais fácil. 

Quando voltamos pra a capital, fomos fazer um almojanta no restaurante Mitho. Lugar bem agradável, com uma varanda para a rua. Fica em um local mais tranquilo de Thamel. Tem muita comida diferente, inclusive nosso brigadeiro (não comemos). Fui experimentar o Momo de frango, mas não deu certo: super apimentado.... 

De noite fomos nos encontrar com algumas pessoas do projeto que também chegaram antes: Joel, Raphael (ambos suíços), e Joana. Foi uma noite divertidíssima, ótima para criar vínculos e entender mais como funciona o projeto (Joana é uma das organizadoras). Galera muito gente boa! Fomos primeiro para um café e quando esse fechou, fomos para um pub (não me recordo os nomes). 

PS: lembram que ontem pessoas vieram tirar foto comigo? Hoje foi o dia de tirarem foto com Val... Ri MUITO! 

Clara, escrevendo sobre o dia 13 de setembro de 2022, terça feira.

Chá de Masala e templos

Hoje o dia foi intenso. Não porque visitamos varias coisas, mas porque tudo foi vivido intensamente!

Como o dia amanheceu ensolarado, resolvemos ir para uma das cidades próximas que dá para ver a cordilheira do Himalaia: Chandragiri Hills, que fica a 45min de Katmandu. Lá você paga USD 22,00 para subir o bondinho (cable car) até a estrutura em cima das colinas (que chegam a uma altura de 2.500 metros). Em teoria, de lá seria possível ver as montanhas, inclusive Annapurna e Everest. À medida que o bondinho subia, íamos nos aproximando de uma nuvem que estava cobrindo o topo da Colina. Ao chegarmos lá, a tristeza: não dava para ver nada. Ainda assim, deu para curtir o lugar, que também possui um templo hindu que, para entrar, precisa tirar os sapatos. Na volta à base, fizemos a primeira amizade do dia: desceram conosco um casal nepalês, a mulher começou a puxar assunto e, Val que já não gosta, começou a conversar. No final estávamos os 4 morrendo de rir, falando um monte de besteira...


Na volta, o carro nos deixou direto em Swayambhunath / Swoyambhu Bhagwan Pau, também conhecido como Monkey Temple devido à imensa quantidade de macacos que fica passeando por todo o complexo (ATENÇÃO: não fique com comida na mão perto deles. Vimos um macaco ir para cima de um garoto e roubar um sorvete!!). Localizado no topo de uma colina, Swayambhunath tem uma vistas maravilhosa da cidade de Kathmandu. O complexo possui diversas estupas e templos budistas e hindus. No centro, a construção (de quase 1500 anos) que mais chama a atenção é uma típica estupa budista, com uma grande torre dourada e os olhos de Buda pintados no topo, nos quatro lados da torre, olhando por todos. Para os budistas tibetanos, essa é a segunda estupa mais sagrada de Katmandu, depois de Boudhanath. De acordo com a lenda local, o vale de Katmandu antigamente era um lago. Desse lago, uma flor de lótus, plantada por um antigo Buda, teria nascido e brilhava fortemente, atraindo pessoas a venerar tal luz milagrosa. Essa flor ficaria exatamente no lugar onde hoje está Swayambhunath. Quando um Deus secou o lago, a lótus teria ido parar no topo de uma colina e se transformado numa estupa. “Swayambhu” significa algo como “o que se auto-criou”. Normalmente ao redor das estupas ficam pequenos cilindros de reza, que devem ser sempre giradas em sentido horário enquanto você faz a prece e rodea a estufa, também no sentido horário.


Agora sobre nossa experiência lá. Assim que chegamos, claro, os macacos chamam a atenção. Tentei tirar fotos com alguns, mas não deu certo. Depois de explorar parte do complexo, que é CHEIO das bandeiras coloridas do Nepal (falarei sobre elas em outra postagem), paramos em uma das vendas para ver o artesanato. A nepalesa que me atendeu é um amor! Não recordo o nome dela, mas ficamos conversando um tempão. Ela me explicou coisas bem interessantes sobre alguns dos itens do budismo, como por exemplo o healing bow / singing bow, a importância da sua vibração no processo de relaxamento, prece e cura. Também mostrou como a maioria dos itens possuem os dizeres "God give long life". No final, claro, acabamos tirando foto. Falando em foto... KKKKKK, enquanto estávamos lá, 3 seres humanos (achamos que indianos) acabaram me pedindo para tirar fotos com eles. Igual a quando aconteceu na Jordânia e Egito mas aqui, segundo eles, é porque eles não estão acostumados com loiras (sim, virei loira aqui...). O mais engraçado foi a última abordagem, veio um cara de forma muito educada explicar que um amigo dele queria tirar foto, porque nunca tinha visto uma loira de perto, e quando falei que tiraria a foto, vieram 4 pessoas!!! Fiquei sem graça...

Último detalhe sobre o complexo: existem duas formas de chegar lá, por uma ladeira (acessível por carros) e por escadas (365 degraus). O táxi nos deixou no topo da ladeira e na saída descemos pela escadaria!

Ao sairmos de lá, pegamos um táxi (divertidíssimo, colocou música local e ficamos dançando e tentando cantar a música) e fomos para a Durbar Square de Katmandu. Lá, ligamos para o guia Krishna (9841286506, gente boníssima, fala inglês direitinho e de fato conhece a história) para fazermos o tour pela praça.

Como falei ontem, a praça tem MUITOS templos, em sua grande maioria ligados ao hindu. Eu poderia escrever sobre cada templo, mas vou preferir descrever os fatos mais interessantes que aprendemos com Krishna:
• Antes de saber dos detalhes da Durbar Square de Katmamandu, importante saber sua origem. Durante séculos, o Nepal foi um conjunto de pequenos reinos independentes. Perto de cada
Palácio Real, os reis ordenavam a construção de uma grande praça, a Durbar Square, que
eram repletas de estátuas, fontes, jardins e, claro, templos. Muitos templos, dedicados a deuses e deusas locais. No vale de Katmandu existem 3 principais cidades com suas respectivas Durbar Square: Katmandu, Patan e Bhaktapur, todas incluídas na lista de Patrimônios Mundiais da UNESCO.


• A praca Durbar é onde ficam os principais templos hindus da cidade de Katmandu, assim como o antigo Palacio Real.
• Apesar de grande parte da área ter sido danificada pelo terremoto desastroso que atingiu o Nepal em 2015, muita coisa já foi reformada e/ou reconstruída .
• Kumari-Ghar temple: é a casa de Kumari, ou "deusa viva", considerada encarnação da deusa Taleju. A Kumari tem que ser uma criança perfeita, sem nenhuma cicatriz, com dentes e pele perfeitos. Ela é sempre escolhida de um mesmo vilarejo, para representar a Deusa, e se muda para o templo, onde vive meditando. A criança perde o posto quando menstrua, perde sangue em um acidente, ou adquire certas doenças, e então uma nova criança é escolhida. Todo dia, às 16h, o templo é aberto e pode ser visitado. A parte externa possui diversos detalhes trabalhados manualmente em madeira, muito bonito.
• Kashmandap temple: é o mais antigo. Acredita-se que a construção original foi feita de um único tronco de árvore, e sua tradução seria algo como "casa de madeira". Ele foi completamente destruído no terremoto de 2015, mas já foi reconstruído. Dizem que o nome Katmandu foi uma consequência do nome desse templo. Dentro do templo, no passado, era onde ocorriam mercado de troca, temperos apimentados (produzidos no Nepal) por sal (geralmente vindo do Tibet), e a rua que passa na frente do templo levaria até tal país.
• Maju Dega: templo destruído durante o terremoto e não foi reconstruído. Um dos vários templos de Shiva, esse era também conhecido como templo dos hippies.
• Erotic Temple (não achei o nome original, mas Krishna chamou esse templo disso): possui 48 posições do KamaSutra esculpido ao redor do templo. Foi construído com o intuito de ser educacional, pois na época o Nepal precisava aumentar a população para ficar "forte" e evitar invasão da China e/ou Índia!

• Shiva tem dois templos abertos (monumentos), próximo um do outro, bem interessantes: as representações das reencarnações branca e preta do Deus. Na segunda, se alguém mentir na frente do monumento, vai ter como castigo vomitar sangue.
• Cada Deus possui um animal que usa como transporte. Por isso sempre na frente / próximo ao templo tem estátuas de animais "guardando" o templo (leões, touros, porcos...).
• O hinduísmo existe no Nepal há mais de 5 mil anos. Antes, não tinha nenhuma religião na região do país.
• Shiva, o "Deus de tudo" tem DIVERSOS templos na praça, justamente por ser o mais importante.
• Cada templo aberto tem um sino, para que as pessoas toquem para acordar o Deus / a Deusa do templo "dizendo" que está prestando homenagem. Já os templos grandes fechados não possuem sinos porque essa adoração é "mostrada" pelo ato de entrar nos templos.
• Os monumentos hindus são as padogas de 4 lados, os do budismo são as estupas.
• Em um dos extremos da praça está a árvore sagrada. Isso porque, no passado, Buda teria meditado embaixo dela.

• Nesse mesmo extremo da praça é possível ver três templos com influências diferentes em sua arquitetura: hindu, indiano e budista (foto abaixo). 

Durante o passeio conversamos tanto com Krishna que, no final, ele nos chamou para tomar um chá nas escadaria de um dos templos (vários nepaleses fazem isso), e o fizemos. Provamos o famoso Masala Tea, feito de leite, chá e açúcar. Enquanto isso, aprendemos que ele era morador de rua, aprendeu sozinho a falar inglês e a ser guia. Hoje mora em uma cidade vizinha e vai andando de lá até Katmandu para trabalhar como guía. Como é longe (2 horas de CAMINHADA cada trecho), ele só vem para a capital 4 vezes na semana. Detalhe, ele cobra menos de USD 10,00 por pessoa, e ficamos com ele praticamente um turno. Detalhe dois, ao final, ele não deixou pagarmos o chá...

Resolvemos voltar andando para o hotel, curtindo as ruas e vendo as lojas. Nessas andanças, passamos na frente de uma loja de chá. Achamos tão interessante que entramos para ver o que tinha. Conversa vai, conversa vem, o dono da loja (Pradip) começou a explicar as coisas, as diferenças de incensos, apresentou o sal preto do Himalaia (eu não conhecia, tem gosto de ovo!) etc, que de repente ele nos convidou pra tomar chá de Masala na loja dele. Aceitamos e ficamos conversando mais um tempão. Novamente perguntamos o valor do chá e ele recusou, disse que era cortesia dele (sendo que vimos ele pagar pro cara que trouxe os chás).


Gente... Não tem como descrever a hospitalidade do povo Nepalês. Sim, tem aquelas abordagens bem insistentes, chatas, que você tem que fechar a cara e dizer não, se não eles não largam vocês. Existem várias abordagens de crianças para pedir dinheiro que dá pra sentir que é uma interesseira, no esquema que existe aqui para as crianças conseguir "doações" e depois dar para adultos. Mas também tem as abordagens genuínas, de pessoas que querem conversar, te conhecer, ajudar... É indescritível! Uma energia tão boa, que você se sente em casa e nem vê o tempo passar! Hoje posso dizer que conhecemos pelo menos 4 pessoas assim, com essa energia genuína de pessoas do bem!!!

Voltamos para o hotel, tomamos banho e fomos jantar no Black Olives Café & Bar. É um desses restaurantezinhos aconchegantes do Thamel, iluminados por luzes de velas, gostoso. Eu comi um frango básico, já Val provou um dos pratos típicos, Dal Bath (arroz com lentilha).

Clara, escrevendo sobre o dia 12 de setembro de 2022, segunda feira. 

domingo, 11 de setembro de 2022

Primeira etapa, Katmandu (Catmandu)

Rapaz... Que viagem longa... Mas cheguei! E o dia começou de uma forma bem linda. O último trecho (Doha - Catmandu) eu sentei na janela. Dormi praticamente o voo inteiro mas, quando estávamos nos aproximando da capital do Nepal, com o avião ainda acima das nuvens, foi possível ver os picos das montanhas, lindo! Espero que consigam ver na imagem abaixo...


Chegamos, e fizemos o processo de visto. Aqui, uma coisa curiosa que até o momento não entendemos o que aconteceu: vc pode adiantar o processo pela Internet (https://nepaliport.immigration.gov.np/entry-visa-processing) e, chegando lá, fazer apenas o pagamento da taxa. Tanto Val quanto eu tínhamos feito isso, porém, quando chegamos lá, eles não identificaram nosso cadastro. Resultado: tivemos que pegar uma fila grande, refazer o cadastro, pra depois pegar a fila da taxa e por fim fazer o processo de alfândega.

O aeroporto é minúsculo!! Não existe finger, todos os desembarques e embarques são via escada. Outra coisa que chamou a atenção foi a quantidade de helicópteros! O que faz sentido, considerando os passeios até as proximidades das montanhas, principalmente do Everest.

Duas dicas bacanas do aeroporto: o câmbio lá é bom, com valores bem equivalentes ao que encontramos nas ruas da cidade. A outra dica é sobre SIN CARD (chip de celular). Tanto no aeroporto quanto na cidade, existem várias opções de empresas. Porém, após pesquisa e indicações, a conclusão é que existem 2 principais, a NTC e a Ncell, ambas com loja logo após o controle de passaporte. A primeira tem ótima cobertura 3G, inclusive (e especialmente) em lugares remotos. A segunda tem melhor cobertura 4G, com maior velocidade, mas perde sinal em lugares remotos.

O hotel tinha transfer incluso, então eles nos pegaram no aeroporto. E aqui, mais uma experiência sobre a qual eu já tinha lido: as pessoas saem pegando as suas malas e carrinhos para levar até o carro / transfer, sem pedir ou esperar consentimento, e no final exige a gorjeta. Isso aconteceu conosco, pois ele sabia o nome do hotel e já foi pegando o carrinho. No final, cobrou USD 20,00!!! Demos apenas USD 1,00, pois achamos um desaforo. 

Chegamos no hotel, deixamos as malas, nos arrumamos e fomos passear pelo bairro. O hotel fica  bem no centro  do bairro comercial turístico da cidade: Thamel, e próximo à 2 atrações turísticas da cidade, que dá para ir andando, que foi o que fizemos!

1o fomos para o Garden of Dreams (Swapna Bagaicha). Ele foi construído em 1920, a mando de Marechal do exército nepalês Kaiser
Shamser. O jardim teve sua construção inspirada pelos jardins ingleses que o marechal tinha visitado na época, e atualmente só "restou" e está disponível apenas 1/3 do espaço original. Entre 2000 - 2007 passou por uma reforma com a ajuda do governo austríaco e atualmente passa por nova reforma devido ao grande terremoto que o Nepal enfrentou em 2015 (conto essa história depois). O Garden of Dreams é um lugar muito sereno silencioso, tranquilo, ótimo para fugir da confusão da cidade. Ele é um tamanho mediano, em uns 15 minutos é possível percorre-lo completamente. Super agradável, possui muito verde, fontes, pavilhões e pérgolas.


De lá, fomos andando (20 ou 30 minutos), atravessando todo o bairro Thamel, até chegar à Durbar Square / Katmandu Durbar, a praça Durbar da cidade. Antes de falar da cidade, preciso falar do bairro Thamel e de como é andar pela capital do Nepal.

Primeiro o trânsito. Gente, que doideira! Dizem que isso Katmandu herdou do país vizinho, Índia, porém sem ter as vacas no meio do caminho e, dizem, de forma um pouco mais tranquila. Não sei como porque, sério, um caos! Não vi nenhum semáforo e nenhuma faixa de pedestre! Para atravessar rua, vc respira fundo, reza e vai indo, acreditando que ninguém vai te atropelar. Pedir para alguém parar pra vc passar, esqueça, a prioridade é das motos, carros, bicicletas e tuktuks. Calçadas e linhas nas ruas que definem mão e contra-mão só nas avenidas maiores, mas isso não quer dizer muita coisa porque as pessoas acabam andando nas ruas e a linha parece enfeite. As ruas internas dos bairros são minúsculas, estreitas, e todas são vias de 2 mãos. Gente, é muito doido, e divertido! A dica realmente é entrar no clima, entender que a cultura é assim mesmo, e "se jogar". Placa com nomes de rua? Esqueça, mas o Google Maps funciona direitinho!


Sobre as ruas / bairros que passamos, eu esperava mais suja. Tudo que eu li falava sobre como a cidade era suja, mau cuidada, e eu não vi nada disso. Sim, a cidade é bem pobre, com construções antigas, casas absurdamente simples, mas não vi essa sujeira toda. Agora, paramos pra comer uma das comidas típicas, procuramos um lixo pra jogar o copo plástico fora, e não achamos. Tivemos que pedir para jogarem fora dentro da bilheteria da praça Durbar. Em cada esquina, pelo menos na região de Thamel e arredores, tem um templo (grande / médio / pequeno), uma estupa/stupa, uma oferenda (hinduísta ou budista), uma estátua... A fé e essas religiões são muito fortes e presentes aqui! Algumas das construções tem uma plaquinha com QR Code que vc pode acessar informações detalhadas sobre o lugar, outras não. Teve um negócio mesmo que passamos e tinha um peixe inteiro, com um ovo na boca, parecendo em um altar, e ao redor e embaixo DIVERSAS comidas, como se fosse uma oferenda. É encantador! Dá vontade de ficar parando em tudo pra saber detalhes de tudo mas, se fizermos isso, acho que seriam necessários dias só para explorar Thamel! Outra coisa que li que era característica da cidade, e de fato é: a quantidade de fios espalhada e nos postes. Gente, não sei como não dá uma pane geral. Tem postes que nem dá pra ver o poste em si, de tantos fios pendurado e enrolados!

Em relação ao bairro Thamel, maravilhoso! Sem dúvida alguma é onde deve-se procurar a hospedagem! Trata-se do bairro comercial e mis turístico de Katmamandu. Descrever que no bairro tem MILHARES de vendas, restaurantes, hospedagens, artesanatos, lojas (de marca internacional ou local), livrarias, agências de turismo, não faz juz ao bairro, pois tem que adicionar a isso o clima, a segurança, e tudo o que descrevi nos parágrafos acima, que dão à Thamel um encanto diferente cada fez que você anda, desbrava novas ruas / vielas e encontra novas coisas! Algumas ruas são de barro batido, outras de asfalto, e outras de pedras.

Caramba, agora que eu me toquei de como a postagem está imensa, e eu ainda não falei sobre metade do dia! Sendo assim, vou dar continuidade ao roteiro e nas próximas postagem falo sobre compras (sim, vocês leram certo, eu falar sobre compras), o povo nepalês (MARAVILHOSO), os detalhes das comidas que provamos...

Após nossa caminhada, parte embaixo de chuva, chegamos ao destino final (do dia): Katmandu Durbar Square. A praça é linda, cheia de templos e significados. Ela é tão rica, que decidimos hoje só passear até encontrármos um restaurante pra almoçar e amanhã revisitar a região com um guia. Sendo assim, vou deixar pra descrever detalhes amanhã, mas deixarei aqui uma informação importante. Para acessar a praça, o turista precisa pagar uma taxa. Nem tente se esquivar, eles sabem. Agora, sendo sincera, porque não pagar a taxa? O país já é tão necessitado, sofreu ainda mais com o terremoto (do qual ainda está se reconstituindo), você está visitando para conhecer a cultura desse povo tão incrível, porque não pagar? Detalhe, não é caro (~ USD 8,00 / pessoa). A taxa é válida por um dia mas, você pode ir até o Site Office , que fica no "Katmandu Metropolitan City Hanuman Dhoka Durbar Square Conservation Programme", ao lado da Polícia de Turista, e pode revalidar tanto por um dia (de forma simples) quanto por vários dias (aí tem que levar uma foto 3x4 e o passaporte). Basta perguntar para qualquer pessoa que trabalhe na praça (pessoas com crachá ou que vendem esse ticket) e perguntar onde fica o lugar para revalidar. É na própria praça Durbar. Mas você tem que fazer no mesmo dia que seu ticket pago estiver válido. Com isso, quando decidimos que voltaríamos pra lá com guia, revalidamos o ticket pra mais um dia e fomos almoçar.

Comemos no Bella Vista Louge, "só" porque daria para comer tendo uma vista para uma das partes da praça. Detalhe, mesmo sendo um lugar mega turista, a comida estava ótima!

Voltamos para o hotel, descansamos um pouco e saímos de noite pra jantar. No início tínhamos pensado em um lanche / café, mas acabamos comendo pizza no New Orleans Café. Apesar de ser outro restaurante típico para turistas, ele é muito aconchegante, com luz de velas, decorado por bandeirinhas de orações e com boa trilha sonora. A pizza estava uma delícia, mesmo sendo um pouco picante pra mim!

Clara, escrevendo sobre o dia 11 de setembro de 2022, domingo.

Depois de 3 anos, nova viagem

Sim, estou de volta!!! Finalmente! 3 anos se passaram desde a viagem para a Austrália!

De lá para cá fiz pequenas viagens no Brasil, uma para Chapada Diamantina (Bahia) e outra para Maragogi (Alagoas). Mas eu, abestalhada, não escrevi no blog... Vou passar a escrever também em viagens nacionais... Essa é uma provocação antiga de Ramon, e eu nunca levei adiante... 

Enfim, mas esta viagem não é pelo Brasil! Estava doida para usar meu passaporte depois da pandemia, então... E como companheira de viagem, Valéria! Lembram dela? Minha amiga que conheci no Canadá! 

Bom, o primeiro dia foi  praticamente 100% no avião. Viagem longa, começou 2:40h da manhã no horário ds São Paulo - BR, +/- 14 horas de viagem, e chegou na escala (Doha - Qatar) 22:50h (horario local). A parada durou quase 3 horas, e deu pra conhecer um pouco do aeroporto. Claro que basta chegar no aeroporto, na verdade, no avião (a cia aérea em que viajei com a Qatar), e você já é lembrado(a) que a Copa de 2022 será realizada no país! Vários cartazes, bugingangas (caras) a venda, propagandas... Depois peguei o segundo voo de quase 5 horas, com destino a Katmandu - Nepal. 

O que fiquei fazendo esse tempo todo no avião? Dormi, comi, vi filmes, li livros... Sim, um pouco de cada coisa... No segundo voo consegui dormir quase o voo inteiro! Ufa, pois eu estava bem cansada... 

Clara, escrevendo sobre o dia 10 de setembro de 2022, sábado.