Hoje foi mais um dia puxado. Não apenas na
quilometragem percorrida (358km), como também na quantidade de “atrações” que
planejamos visitar!
Akurary (cidade onde passamos a noite) é bem
próximo ao lago Lago Mývatn, região
que concentra diversos lugares interessantes para serem visitados. Olha que não
fomos para todos, tivemos que selecionar os que achávamos mais interessantes –
e que não tomasse muito tempo. Para quem gosta, muitas das cenas “beyond
the wall” de Game Of Thrones foram gravadas aqui!
Começamos com as
pseudo crateras (Skútustaðir): grandes buracos como se fossem pequenos vulcões,
formadas a partir de bolhas de vapor causado pela lava que rebentaram ao terem
contato com água. As pseudo crateras desta região são as maiores da Islândia. É
uma paisagem diferente e muito bonita, especialmente por causa do lago.
Depois passamos
pelo campo de lava Dimmuborgir: área composta por várias cavernas vulcânicas e
formações rochosas bem interessantes. Seria como se fosse um conjunto de
castelos e torres negras criadas pela lava de um vulcão há 2000 anos. No local
tem diversas trilhas para serem exploradas, todas muito bem sinalizadas. Fizemos
a segunda menor e passamos por formações bem bacanas, e até uma caverna
(pequena)!
A terceira
parada foi na Cratera vulcânica Hverfjall. Ela foi “criada” há 2700 anos por
uma erupção cataclísmica. Possui uma forma perfeitamente cónica e
simetricamente circular e domina completamente a paisagem de Myvatn. Nós
subimos os 463 m de altura e, apesar de muito cansativo, vale bastante a pena!
Não só para ver o “buraco” dentro todo coberto de areia preta, como também apreciar
a vista da região!
No caminho para
ir para a próxima atração, passamos por um lago azul que estava saindo fumaça
bem do lado da estrada. Quando vimos, tinha uma placa informando um local (Jardbödin)
que tinha a piscina natural, além de café e banheiros. Como eu estava com fome,
fomos lá para dar uma olhada. Resultado?!?! Mesmo com a temperatura de 2ºC, nós
entramos na “piscina”. Que fique bem claro, na verdade é uma área natural, com
água saindo da região geotérmica, tanto que o cheiro de enxofre era muito
forte! Ainda assim, é algo característico do país: poder tomar banhos nesses
locais ao ar livre, com o frio da cabeça para cima! A temperatura da água estava
em torno de 30º ou 35ºC, uma delícia! Agora, e a coragem pra sair de lá? Ainda
bem que meu marido lindo saiu antes de mim, pegou as toalhas e foi me “buscar”!
Quando estávamos
saindo do local, começou a nevar!! Lindo demais! Pena que já tínhamos saído da
piscina! Foi bonito acompanhar como o visual da viagem foi alterando. Mudando até
demais, como vocês lerão mais adiante...
Fomos então para
a cratera Viti: ela está cheia de água que reflete a cor azul do
céu. Muito bonita vista lá de cima e a vista da parte interna da cratera. Mas
não deu para curtir muito porque começou a nevar bastante. Como essa parte
ficava no topo da montanha, vimos rápido e não fomos para o parque/região Leirhnjúkur
(área geotérmica resultado da erupção do vulcão Krafla, em 1984). Nós queríamos
muito ir, era uma das atrações que mais esperávamos do dia, porém o respeito à
natureza falou mais alto, e voltamos para a estrada principal (Ring Road, “1”).
Quando a neve
aliviou um pouco, nós estávamos perto de uma das estradas para visitar as
cachoeiras Dettifoss e Selfoss. A primeira é a queda d’água
de maior vazão da Europa (aproximadamente 200 metros cúbicos por segundo),
enquanto a segunda fica um pouco mais afastada, é menos poderosa, mas é mais
bonita (eu achei). Para chegar até elas, você pode pegar ou a estrada 862 (mais
curta, que fica antes da ponte que fica na estrada 1) ou a 864 (mais longa,
após a ponte). Foi a melhor escolha que fizemos: pela 862 nós temos uma visão
de frente da Dettifoss. Recomendo!
Depois de caminharmos
um pouco por lá (com neve fraca sobre nós), era hora de pegarmos estrada
(140km) para o hotel onde passaremos a noite. Logo no início o sono pegou Dan
(ele estava dirigindo desde o início do dia) e pediu para eu dirigir um tempo. Rapaz...
uns 10 minutos depois dele dormir começou a nevar forte... até aí tudo bem,
diminui a velocidade e continuei o percurso. Porém a nevasca foi piorando cada
vez mais. Teve um primeiro momento que o alarme do celular de Dan tocou, ele
acordo e tomou um susto: estava tudo branco, mas ainda dava para ver a marcação
da pista. Sim, comentário interessante: TODAS as estradas asfaltadas que
pegamos até agora possuem nas duas margens umas estacas de madeiras pintadas de
amarelas com um adesivo luminoso na ponta, porém praticamente não tem
acostamento. Enfim, eram essas marcações que davam para ver, com um pouco do
asfalto (onde outros carros já tinham passado e estava sem neve). Então parou
um pouco de nevar, ele voltou a dormir, e eu fiquei atenta para ver se aparecia
algum posto ou café de beira de estrada para pararmos. Porém, essa região é bem
deserta, com saídas para outras cidades que também eram afastadas, então
resolvi manter na estrada principal (a tal Ring
Road / estrada 1). Depois de um tempo, eu acordei Dan: não dava para ver
mais nada, só as marcações de, no máximo, 30 metros pra frente, o resto estava
tudo branco, inclusive a estrada estava toda coberta de neve! Diminui a
velocidade para uns 40km/h e segue o caminho. Nada está tão ruim que não possa
piorar, né? Então, a neve começou a diminuir, porém veio neblina + chuva, o que
piorou o meu campo de visão! Diminui ainda mais a velocidade, para 20km/h, e
segui viagem. Depois de um tempo começamos a descer, e começou a melhorar, até
que ficou tudo bem outra vez. Pelas minhas contas, foram uns 50km nesse
sufoco...
Dicas muito
importantes para quem pretende vir para a Islândia, baseado nas experiências do
dia:
1) Caso você não
vá fazer camping ou não pretende alugar um trailer, alugue pelo menos um 4X4. Mesmo
que não tenha intenção de andar nas estradas de barro batido ou cascalho.
2) Tenha o aplicativo
112 Iceland. 112 é tipo o 991 dos EUA, é o contato para emergências daqui.
Aconselham que, antes de vir para cá, você compartilhe com eles o roteiro da
viagem (não fiz isso e, depois dessa nevasca, me arrependi). Além disso, eles
têm um aplicativo no qual você se cadastra, coloca um contato para casos de emergência,
e basicamente possui apenas 2 botões:
- Check in,
que você deve fazer ao longo do seu percurso para eles terem seu histórico
mapeado e facilitar na localização, caso necessário (durante todo o sufoco eu pedia
para Dan fazer check in).
- Emergency:
em caso de emergência, ao clicar aqui, seu celular enviará a localização exata
de onde você está para que eles possam te encontrar com maior brevidade.
3) Aconselho vir
para a Islândia com uma bota mais resistente. Mesmo se você não for fazer as
trilhas mais fortes, tem situações que o tênis normal não te deixará tão
seguro.
4) Tenha sempre
uma garrafa de água e umas comidinhas contigo. A água da Islândia é uma das
mais puras, então você poderá enche-la em qualquer lugar. Nós sempre saímos do
hotel com ela cheia! E como você pode passar grandes trechos sem ver um café ou
restaurante, é bom ter água e lanche sempre à mão!
PS: não, nem
pensamos em tirar fotos durante a nevasca... Ficaremos devendo essa.
Clara, escrevendo sobre o dia 20 de outubro de
2015.