segunda-feira, 24 de março de 2025

Despedida com nascer do sol

Último dia da viagem, e não podia ser diferente: acordei umas 04:30 da manhã! Isso porque Ane, Ana, Kiki e eu fomos assistir ao nascer do sol com vista para as montanhas do Himalaia.


O passeio inclui um tracking na descida. Porém, como o ônibus sairia do hotel às 12h em ponto, pedimos para o carro nos pegar mais no início da trilha. Tudo certo, chegamos no ponto para ver o nascer do sol, morremos subindo uma escada de mais de 1600 degraus (não conseguimos entender a quantidade exata), chegamos na parte superior onde também tinha um templo. Outra coisa que também tinha lá era frio, MUITO frio... Eu estava com 4 camadas de blusas, e um lenço, e estava "ok". Mas as outras meninas não foram tão preparadas, então sofreram mais. Chegamos quando já estava claro, mas pegamos o sol nascer desde o início, lindo, laranja, sem nenhuma nuvem no céu, surgindo atrás das montanhas de forma imponente e majestosa... Lindo demais! Ah, sobre as montanhas do Himalaia... Então, não deu pra ver. Estavam lá, o GPS confirmou, mas é muito longe. Se você só deseja vê-las, esse não seria o melhor passeio. Kiki subiu para ver o Templo (tinha que tirar os sapatos, nenhuma de nós três queria fazer isso no frio), aí ela disse que não valia a pena visitar, então voltamos para nos encontrarmos com o guia.

Foi quando começou a segunda parte do tour, o trecking. Primeiro questionamos ao guia se seria possível descer tudo de carro, passando pela cachoeira. Ele tentou falar com o motorista e, como esse já tinha ido embora, começamos a trilha até o ponto combinado. No percurso, o guia ficou tentando entrar em contato com o motorista, e nós ficamos curtindo a paisagem. Foi uma delícia, passamos por plantações (principalmente de arroz), por casas pequenas e super isoladas, por criação de bodes, e a vista... Linda!!! Ou víamos o horizonte infinito de montanhas, ou víamos o rio Ganges, ou o rio junto com Rishikesh. Muito bonito mesmo!

Chegando no ponto de encontro, cadê o motorista? Nada! Aí veio o guia dizer que pediria um táxi e teríamos que pagar extra. Falamos que estávamos sem dinheiro, então que no hotel o pessoal de lá pagaria, afinal, já tínhamos pago o passeio. O outro carro chegou, entramos e seguimos para a cachoeira. Confesso que nem peguei o nome dela, mas estava mais para uma queda d'água, bem suja (de lixo, não a água em si), com uns sacos de areia no meio do caminho... Bem sem graça! Quando olhamos para o lado, não é que o motorista da ida estava lá? E o guia estava sem saber o que fazer... Aqui, um comentário sobre os indianos: se brasileiro não gosta de conflito, eles MUITO menos. Eles são super criativos para darem "soluções gambiarras" para coisas simples, mas para situações profissionais (pelo menos relacionadas a turismo) ainda precisam se desenvolver, e aqui foi um super exemplo. O cara queria que a gente resolvesse a história, em um ponto que ele soltou um "temos um problema, temos dois carros para voltar", tive que comentar "esse é um problema para você resolver, não nós". Aí pareceu que ele bugou e real não sabia o que fazer. Então ficamos tirando algumas fotos a mais, e perguntamos a ele em qual carro deveríamos entrar. Ele demorou mais um pouco e falou para entrarmos no do 2o motorista, foi o que fizemos. Nessa hora, Kiki conversou pelo WhatsApp com a dona do hotel, e ela disse que nos reembolsaria. Aqui um outro parênteses, ela é sensacional, excelente profissional, fica presente dia e noite atenta a todos os detalhes, verificando o tempo inteiro se todos os hóspedes estão bem ou se tem algum problema no quarto, ou ajudando nos ruídos de comunicação com o pessoal da recepção... Esqueci até de falar, ontem, quando Ane e eu fechamos a conta do quarto pra agilizar, cobraram duas garrafas de água que não eram nossas. Pagamos, mas pedimos o recibo. O cara não estava entendendo, ela veio, explicamos, ela comentou que verificaria e voltaria conosco. Não é que 30min depois o cara bateu na nossa porta e devolveu o dinheiro por terem identificado que de fato não era gasto nosso?


Chegando no hotel, fomos tomar café da manhã e depois fui com Karen e Tati até o Rio Ganges para nos despedirmos. Elas entraram no rio, eu não consegui, só molhei os pés de novo... Mas foi bom esse "até logo" para a mãe Ganga (que não deixa de ser irmã gêmea de Iemanja, ao meu ver...). 


Depois nos arrumamos para começarmos a maratona de volta. Pegamos a van para ir até o aeroporto da cidade vizinha, Dehradun, pegamos o voo até Delhi, aonde fomos jantar no restaurante Amour Bistro, que fica no mesmo bairro da parada anterior, Malcha, que parece o bairro Jardins de São Paulo. Bem gostoso! De lá fomos para o hotel, me despedi do pessoal (com o coração apertado, pois eu fui a 1a a ir embora), arrumei minhas malas de forma cuidadosa para garantir que o peso não ultrapassasse 23kg, e fui pro aeroporto (com a Rê me acompanhando até o transfer de roupão, kkk, cena icônica).

Ao invés de escrever como estou grata pela experiência, feliz por ter finalmente realizado essa viagem, ter visto mais uma Maravilha, ter feito novas amizades, ter conhecido mulheres incríveis (mesmo), vou terminar diferente... Vou listar aqui os conselhos que ouvi sobre Índia, do que fazer ou não, e comentar cada um deles... 
- Não tocar nas águas do rio Ganges: ok, em Veranasi eu realmente não fiz isso. Mas, em Rishikesh... Tomei banho, fiz rafting, engoli água, molhei pés e mãos...
- Não escove os dentes com a água do hotel: esqueci isso já na primeira noite... Kkkkkk Mas ficamos em hotéis bons, isso nem passou pela minha cabeça! No máximo, acho que devia ter tido esse cuidado em Varanasi, mas... Não rolou. 
- Não beba água que não seja mineral, que não venha em garrafas: no início até que tínhamos esse cuidado, mas depois de uns dias já estávamos bebendo a água da casa, o suco servido no saguão do hotel... Ok, também só fomos em restaurantes mais confiáveis, mas de fato não segui esse conselho em todas viagem. 
- Tem vaca a torto e a direito, no meio da rua, e a maioria está suja e doente: verdade! Não tive coragem de tocar em nenhuma delas, mas tirei foto.... 
- Cuidado com o trânsito: sim, é caótico, mas só em Nova Deli que não andamos no meio da rua. De resto, estávamos todas juntas e misturadas com motos, carros, vacas, tuk tuks... 
- Não andar sozinha na Índia, especialmente considerando que sou mulher: em Rishikesh eu andei sozinha, mas nas outras cidades não mesmo. 
- Não converse com pessoas estranhas, especialmente homens: então, em Rishikesh isso aconteceu, para os passeios do rafting e da trilha, passeios marcados de forma separada... Kkkkk
E resumo, claro que é absurdamente importante ter cuidado na Índia, mas foi exatamente por isso que escolhi fazer essa viagem com Renata Bortolotti poque, além de ser focada em mulheres e ela já ter experiência em ir para a Índia, ela faz questão de escolher os melhores lugares para nos hospedar, para comer, além dos melhores guias. Existe uma exigência de padrão de qualidade mínima, o que me deixou segura. E foi uma decisão acertada! Fizemos um roteiro maravilhoso, redondo, com experiências e vivências únicas e especiais!

Clara, escrevendo sobre o dia 22 de março de 2025 

sábado, 22 de março de 2025

Início da despedida

Em teoria, hoje passaríamos um dia inteiro em um ashram. As atividades começam 05:20, logo... Acordamos 04:30 da manhã! 

Primeiro a definição. De acordo com o Copilot, ashram é um local dedicado à prática espiritual e à meditação. Tradicionalmente, os ashrams eram eremitérios onde sábios viviam em paz e tranquilidade, afastados das áreas urbanas, em meio à natureza. Hoje, eles são comunidades intencionais que promovem a evolução espiritual dos seus membros através de práticas como yoga, meditação e estudo das escrituras sagradas. Em Rishikesh parece que tem 3 mais famosos, e foi escolhido para irmos no Anand Prakash Yoga Ashram, pois oferece um "day use". Chegamos lá, ainda estava escuro, e estava acontecendo o excecicio de meditação guiada. Quando sentamos na sala, foi me dando um negócio... Sei lá, não gostei... Achei chato, estranho, não consegui relaxar... Quando terminou a meditação, resolvi voltar para o hotel (era pertinho).

Chegando no hotel, eu fui dormir. Pensem em um sono maravilhoso? Eu estava muito cansada! Acordei umas 8h, tomei banho, lavei a cabeça e fui tomar café. Chegando lá, eatavam tanto as meninas que não tinham ido quanto as que tinham ido (preferiram tomar café da manhã no hotel, pois no ashram seria bandeijão vegano.

Umas 10h fomos fazer comprinhas na cidade. Hoje foi o dia que resolvi comprar todos os presentes: chás, especiarias e incensos. Fomos passeando pelas lojas, entrando, explorando, foi divertido. Na hora do almoço passamos pelo Café Beatles. Gente, que vista maravilhosa! Paramos lá para almoçar. Além da vista, a comida estava bem saborosa! Eu comi um crepe bem bom!!


Depois passeamos mais um pouco e voltamos para o hotel. Eu sentei na varanda e fiquei escrevendo no blog, ouvindo música, curtindo a tarde e a vista para o rio Ganges! Foi muito bom, e eu diria até necessário. Após o pôr do sol (e a cerimônia do fogo do hotel, que eu vi do quarto), fui arrumar as malas.


De noite Renata e eu saímos pra jantar no Terracota, mesmo restaurante de ontem. Comi ovo, naan (pão delicioso indiano) e chocolate quente! Depois Ane, Tati e Kiki se juntaram a nós, jantaram e voltamos pro hotel. 

Dia bem tranquilo, leve. Do jeito que eu precisava. Com alguns apertos no coração ao longo do dia, pois foi "caindo a ficha" de que a viagem está acabando, mas foquei em transformar isso em gratidão por ter tido a oportunidade de fazer essa viagem com esse grupo de mulheres incríveis!

Clara, escrevendo sobre o dia 21 de março de 2025 

sexta-feira, 21 de março de 2025

Dia intenso em Rishikesh

Nem acredito, mais um dia em que acordamos após às 7h! O despertador tocou às 07:30, para despertarmos com calma para o café da manhã. Oficialmente hoje era o dia livre da viagem, mas programamos VÁRIAS coisas... Vou colocando por tópicos para ficar mais fácil.

Yoga com Swati Yogashala
A Rê, nossa líder / guia, tinha incluído no nosso pacote uma aula de Yoga com esse cara aqui no hotel. Não sei nem a melhor forma de descrever a aula... Foi maravilhosa, intensa, misturando conceitos de cada posição, explicação da melhor forma de fazê-las para evitar dores no corpo e as respectivas execuções. Além disso, ele soube que iríamos na caverna de Jesus, e começou a falar sobre as cavernas como um todo, a luz e a escuridão, fazendo um paralelo com felicidade... Em diversos momentos houve muita emoção, foi uma aula bonita.


Rafting no Ganges
Sim, fiz rafting, mergulhei e engoli água no Rio Ganges. Preciso dizer que a etapa mais perigosa, ou que eu senti mais medo, foi no trânsito. Lembro que já falei do tuk tuk que peguei que ficou na contra-mão e Old Deli, e falei com pouco em Varanasi, mas aqui o cara conseguiu me deixar realmente apreensiva. Pegamos um 4 X 4 da própria empresa de rafting para ir até o barco. Foram uns 25 minutos de estrada cheia de curvas nas quais o cara andava na contra-mão para ultrapassar, vindo carro no outro lado ou não. Ele não ligava. Teve um momento que Kiki, uma das meninas do grupo, pediu para ele ir mais devagar. Resultado, ele foi a 15km/h (literalmente, eu vi o marcador). Começou a descida do rio só nós 4 (Kiki, Ana, Roberta e eu) e os dois que guiavam o barco. Muito legal, rimos e gritamos horrores! Passamos por 4 quedas médias, das quais 2 se chamavam Roller Coaster e Power of God. No meio do caminho caímos no rio (de propósito). Rapaz... Pensem em uma água absurdamente gelada... Nunca senti isso! Chegou um momento em que comecei a sentir alfinetadas nas pernas, imediatamente pedi para o cara me colocar de volta ao barco... Depois encostamos em outra parada para 3 pessoas entrarem. Com todo o respeito, eles estavam fedendo muito... Não conseguíamos nos concentrar... Passamos por mais 2 quedas (uma delas chamada Mickey Mouse), e no meio eles caíram no rio (amenizou o cheiro, mas logo depois eles soltaram um arroto alto que afemaria... Enfim, mas valeu muito a pena!


Vashishta Guha + Gruta de Jesus
A Vashishta Guha é uma caverna histórica onde o sábio Vashishta, guru de Rama, teria vivido. Esta caverna tem sido um local de meditação para muitos iogues ao longo dos séculos (fonte Copilot). A caverna é muito pequena, muito mesmo, devem caber umas 15 pessoas lá dentro. Alem disso, ela é muito escura. Rê (e o professor de Yoga) nos avisaram que a gruta tinha uma energia forte. Mas quando eu cheguei, eu me senti estranha. Parecia que a energia estava parada, não sei explicar. Não me senti confortável. Depois de um tempo, foi chegando um monte de gente com a lanterna do celular ligada, fazendo barulho... Não sei, não curti. 
De lá andamos mais um pouco para irmos para a Caverna de Jesus. Há uma tradição que sugere que Jesus passou parte de seus "anos perdidos" na Índia, incluindo um período em Rishikesh. Perto da famosa Vashishta Guha, há uma caverna conhecida como a "Caverna de Jesus". Esta caverna, situada nas margens do rio Ganges, é associada à ideia de que Jesus meditou ali durante sua estadia na Índia. (fonte Copilot). Se a anterior era pequena, essa é um buraco na rocha, juro. Achei ok. Agora, a vista... Maravilhosa! Ela fica em frente ao rio Ganges, com a cor verde linda! Valeu pela vista, mas confesso que se eu soubesse como era, não teria ido.

Massagem no hotel
Voltei e fui direto para a massagem no hotel (na verdade eu já estava atrasada...). Fiz uma anti stress com aromaterapia. Pensem em uma coisa maravilhosamente gostosa? Afff, valeu cada segundo!

Sessão Sound Healing
De novo, direto, fui pro Sound Healing que marcamos para o grupo, dentro do hotel. Para quem não sabe, "Sound Healing é uma prática terapêutica que utiliza vibrações sonoras para promover relaxamento e cura. Durante uma sessão de Sound Healing, instrumentos como tigelas tibetanas e de cristal, gongos, e diapasões são usados para criar sons que ajudam a equilibrar o corpo, a mente e o espírito. Essas vibrações sonoras podem reduzir o estresse, aliviar a dor e melhorar o bem-estar geral" (fonte Copilot). Curioso que, no início, minha cabeça estava super agitada, eu pensando em um monte de coisas. A cada batida nas tigelas, meu corpo começava a vibrar, especialmente as partes / membros superiores, e de novo, e mais uma vez, e apaguei (ou sei lá pra onde fui). Despertei (sem acordar / abrir os olhos) com um clarão amarelo, juro! Depois uma cor azul muito forte! Fui pesquisar e, segundo o Copilot, o amarelo significa que eu estava trabalhando o chakra do plexo solar, relacionado a confiança e poder pessoal, intelecto e criatividade. Já o azul está ligado ao chakra da garganta, relacionado à calma, tranquilidade, comunicaçãoe expressão. Saindo da sessão, foi curioso como cada uma viu ou sentiu cores / coisasdiferentes... 


Almojanta
Quando terminou, eu estava morrendo de domo (eram 20h e eu só tinha tomado café). Fui com as meninas do grupo em um café ao lado do nosso hotel. Peguei um chocolate quente (que no hotel da gente não tem) e uma omelete (ovooooo, proteína! Kkkk), além de uma massa que estava picante, então acabei não comendo muito ela...

Clara, escrevendo sobre o dia 20 de março de 2025

quinta-feira, 20 de março de 2025

Explorando Rishikesh

Adivinhem? Hoje acordamos em um horário descente! Ou melhor, estávamos programadas para acordarmos às 07:30, mas eu acordei 05:30 (o corpo acostumou...).

A primeira atividade do dia foi fazer Yoga no hotel. A aula foi muito boa! Foi um pouco mais acelerada do que estou acostumada, exigiu bastante do corpo, mas eu gostei muito.


Tomamos café (não tinha ovo... Ainda bem que eu trouxe proteína em pó), e fomos caminhando até chegarmos às margens do rio Ganges, que fica pertinho do hotel. Água GELADA, mas vista incrível! Coloquei meus pés e minhas mãos apenas na água, mas Karen e Tati entraram completamente. Ficamos lá um bom tempo conversando, curtindo a manhã que estava linda e ensolarada!

Voltamos para o hotel, tomamos banho e fomos para o Asharam dos Beatles (hoje  Chaurasia Kutiya). Sua popularidade aconteceu quando o centro de meditação no final dos anos anos 60, início dos anos 70 recebeu os integrantes da banda inglesa que vieram a Rishikesh e se hospedaram no então asharam de Maharishi Mahesh Yogi, buscando por espiritualidade e transcedência. Esse período em que ficaram em Rishikesh foi um período extremamente produtivo para a banda, eles compuseram grandes sucessos lá, a maioria foi parar nos álbuns The White Album e Abbey Road. O lugar é imenso, com vista para o rio Ganges, e de uma tranquilidade maravilhosa! Muitas das estruturas ainda estão lá, principalmente os Meditation Caves, que foram construídos com pedras do rio. É realmente impossível passear por lá e não ficar imaginando como o espaço funcionava naquela época... Outra coisa bacana é que existem diversos painéis e desenhos pintados em várias partes do asharam. Os mais famosos estão em uma estrutura mais central, com diversas frases de músicas dos Beatles além de dois painéis imensos da banda.


Parada para almoço em un restaurante italiano chamado Green Italian, localizado em um hotel. A comida é boa, comi um lasanha zero apimentada (ufa), mas o atendimento com mesma confusão de sempre.

De lá voltamos para a margem do rio, no centro da cidade, para acompanharmos a cerimônia do fogo. Hoje teve participação de uma pessoa que não sabemos quem é, mas que fez um discurso lindo sobre felicidade, pois, segundo ela, dia 20 de março é o dia mundial da felicidade. Como ela fez o discurso mesclando inglês e hindi, deu para acompanhar. Claro que tinha muito menos pessoas do que em Varanasi, e muito menos poluição sonora, deixando a cerimônia mais agradável.


Depois fomos andando pelo centro, comi um sorvete delicioso, pegamos um tuk tuk, voltamos em direção ao hotel. No caminho, paramos para fazer compras em algumas lojas perto (os preços de Rishikesh foram os mais baratos de todas as cidades por qual passamos), e fomos para o hotel.

Mais uma curiosidade sobre a cidade: cai a energia toda hora, na cidade inteira. Mas logo depois ela é reestabelecida.

Clara, escrevendo sobre o dia 19 de março de 2025

quarta-feira, 19 de março de 2025

Rumo à última cidade

Hoje foi praticamente o dia inteiro focado no deslocamento para a última cidade que visitaremos na Índia. Acordamos 03:30 da manhã (acho que foi o dia que acordamos mais cedo), pois o voo para Deli foi às 6h.

Chegando em Deli, pegamos um Uber e fomos ao Fig at Malcha para comer um brunch. Pensem em um lugar sensacional! Lembram que eu escrevi que sempre temos algum tipo de problema em todos os restaurantes? Isso não aconteceu aqui! E, além disso, a comida estava espetacular! Depois passeamos pelo bairro, que seria tipo Jardins de São Paulo, e visitamos um estúdio de Yoga sensacional!


Voltamos para o aeroporto e pegamos o segundo voo, desta vez para Dehradun. Pegamos uma Van e fomos até o destino final, Rishikesh. A cidade fica a beira do Rio Ganges, perto da cordilheira do Himalaia. Além disso, ela é conhecida por ser a capital mundial da Yoga! Uma curiosidade sobre a cidade: existe uma lei que a torna vegetariana e não alcoólica. Nenhum estabelecimento pode vender álcool, ou mesmo comidas como carne e frango.

Ao chegarmos no hotel, ficamos maravilhadas pela estrutura. Definitivamente, o melhor de toda a viagem, com quartos novos e espaçosos, excelente atendimento, 2 cachorros lindos que fazem parte do hotel (sim, eles estão aqui justamente para receber e dar tranquilidade aos hóspedes) e uma vista espetacular para o rio Ganges! Deixamos as coisas no quarto, participei rapidinho de uma reunião / comunicado  do trabalho e voltei para o terraço, pois eles foram fazer a cerimônia do fogo aqui também. Melhor explicando, o hotel também faz todos os dias, no pôr do sol, a cerimônia de Ganga / río Ganges. Estava fazendo uma correlação pra Gui, é como se fosse o Ave Maria às 18h do hinduísmo. 


Terminada a cerimônia, fomos para o Kirtan Festival Rishikesh. De acordo com o Copilot, trata-se de "um evento espiritual que reúne pessoas de todo o mundo para celebrar a devoção através do canto e da dança. Os participantes têm a oportunidade de se imergir no canto coletivo e na dança, experimentando uma profunda conexão com o divino". Quando chegamos, estava iniciando o canto / mantra de Hare Krishna. Foi bem bacana! Me lembrou um pouco o exercício que fizemos lá no Nepal, assim como também me transportou à energia e o bem estar que eu sinto quando estou no meio da pipoca do Carnaval de Salvador (juro)... É que começa lento, introspectivo, individual, e aos poucos o mantra vai acelerando e se tornando algo a ser cantado em coletivo, em comunidade, muito bom! 


Depois voltamos ao hotel pra jantar. E aqui uma outra curiosidade do hotel: por política, eles são veganos!!! Resultado, comi massa... 

Clara, escrevendo sobre o dia 18 de março de 2025

terça-feira, 18 de março de 2025

Dia de me sentir bem

 Bom dia, para quem está acostumada a acordar antes do amanhecer.. Mas tem valido muito a pena, hoje então foi uma prova disso! 

Acordamos 04:30 para sairmos as 05:14 (sim, foi o guia local, Daya, quem definiu esse horário quebrado). O detalhe: eu tinha colocado o alarme no meu celular. No meio da madrugada tanto Cynthia (minha roomie de Varanasi) quanto eu acordamos e resolvi ver que horas eram... Meu celular não carregou, ao contrário, tinha acabado a bateria. Saí correndo pra colocar o celular pra carregar, e vimos que era umas 04:20. Nem voltamos a dormir... 

Pegamos a van e fomos ver o nascer do sol no Ganges. Mas não "só" isso, fomos fazer uma cerimônia, e em um barco. No caminho até pegarmos o barco, passamos por várias pessoas que estavam lá para fazer sua prece, sua intenção. De fato, muitas pessoas vão lá para tomar banho no rio, se purificar (eles acreditam que o rio Ganges é composto pelo néctar da vida, não água). Eles vão bem cedo, seja para irem antes de trabalharem, seja porque tem menos pessoas sendo mais tranquilo para meditar, ou seja porque a água costumam ficar menos suja pela manhã. De fato, a energia é outra nesse horário. Sim, tem gente, mas não aquela confusão, intensidade de pessoas e barulho como vimos ontem no entardecer. A energia fica mais perceptível, ficando claro o quanto as pessoas entendem como aquele lugar é sagrado, afinal, Varanasi é a casa de Shiva, onde é possível encontrar a salvação e purificação no Ganges (não vale em outra cidade). E tem o lado certo da margem do rio, tanto que a outra margem é completamente vazia, praticamente um deserto, com poucos barcos e algumas barracas...

Fomos até nosso barco privado, nos organizamos e veio um sacerdote fazer uma cerimônia conosco. Energia já começou a ficar intensa, mas diferente de ontem. Uma intensa leve, focada, boa. Aí o barco começou a navegar pelo rio, o guia foi mostrando / explicando as coisas, e nós passando por pessoas tomando banho no rio, outras orando, algumas meditando, crianças brincando, idosos concentrados... Todos com uma devoção e energia tão bacana, era tangível e contagiante. Independente da crença que cada uma de nós do grupo tenhamos, não teve uma que não tenha sentido e se emocionado. Para coroar a experiência, o nascer do sol... Lindo, imponente, sem nuvens, alaranjado, iluminando cada um, o ríos, os templos... Um cenário maravilhoso... Então o guia deu a cada uma de nós uma cestinha pequena com flores, pétalas e uma pequena vela. Na noite anterior escrevemos em um papel o que gostaríamos de "deixar ir", então queimamos o papel na vela, e colocamos a cestinha como oferenda para Ganga (a deusa que representa o Rio Ganges). Um silêncio leve, bonito, cada uma de nós fazendo sua própria prece, se concentrando para entregar a oferenda... Realmente algo forte, bonito, com uma energia boa.

No final da navegação, o barco encostou em um dos dois lugares de cremação que tem na cidade, e descemos por lá rumo à cidade antiga. Essa parte foi mais intensa, mas nada que tenha interferido a frequência que estávamos pela cerimônia que fizemos. Chegamos no templo de Shiva, mas não foi possível entrar (apenas quem é hindu pode entrar). Ele é do século 18, com +/- 1 tonelada de ouro, e possui uma Mesquita bem ao lado. Isso gera um grande desconforto tanto para os fanáticos muçulmanos quanto hinduistas, o que deixa a segurança redobrada em ambas construções. 

Na cidade antiga, paramos em uma loja de essências e outros itens. 3 aromas vendidos lá me chamaram atenção:
- sandalo: conhecido como cheiro da Índia, é bom para concentração e para acalmar. 
- flor do himalaia: usado para combater o estresse.
- flor de shiva: indicado para quem tem dificuldade para dormir. 

Lá também encontramos o Colar Rudraksha, conhecido como colar de Shiva. Rudraksha é uma semente conhecida como "lágrimas de Shiva" (Rudra = Shiva, Aksha = lágrimas). Os colares de Rudraksha são usados para meditação e proteção espiritual. Acredita-se que ao usar o colar, você remove energia negativa e medo de morrer, melhora a saúde física, limpa a aura, recebe a benção de Shiva, melhora o poder do pensamento e o sono. Além de seu significado espiritual, estudos científicos sugerem que as sementes de Rudraksha possuem propriedades eletromagnéticas que podem ajudar a equilibrar a energia do corpo e melhorar a atividade mental. Depois que compramos, o dono da loja levou os colares para serem "benzidos" no templo de Shiva! 

Na saída da loja, passando pelas ruas antigas, passamos por baixo da Porta da Salvação... O que a torna especial é que, ao passar por ela, você tem duas opções de caminhos: pegando o da direita, é o caminho da proteção / salvação que te leva até o templo de Shiva. O da esquerda, te leva ao crematório, à morte...

Voltamos para a Van para irmos ao 3o lugar sagrado do dia: Sarnath temple. Acredita-se que este foi o local onde Buda deu seu primeiro sermão após ter alcançado a iluminação, quando ele falou sobre as 4 verdades e os 8 caminhos da vida. Antes era apenas bosque, as construções que estão lá hoje vieram bem depois. Mais uma vez, senti uma calmaria e um sentimento bom lá... Assim como senti nos templos budistas que fui no Nepal. É diferente, não sei explicar. Algumas meninas e eu sentamos embaixo de uma árvore e ficamos lá, uma delícia. Depois fomos para o museu que tem no mesmo lugar, sendo uma parte dedicada ao budismo, e outra ao hinduísmo.

Depois voltamos para o hotel. Do lado dele tinha um shopping com uma MC Donald's. Resultado? Eu e mais umas 8 fomos lá, desejando um lanche MC básico. Chegando lá, a decepção: estava fechada. Então fomos para a praça de alimentação, Ana e eu comemos na Pizza Hut (zero apimentado, yesss), fomos ao mercado (compramos VÁRIAS coisas), e voltamos para o hotel. Como ainda estava cedo, Karen, Letícia, Tati e eu fomos para a piscina do hotel! Depois fomos dormir!

Algumas curiosidades adicionais ou frases ditas pelo guia daqui:
- frase de Daya: Existem 2 tipos de pessoas, os tomadores e os doadores. Os primeiros comem melhor, mas os segundos dormem melhor. 
- aqui, vestir branco significa luto. 
- o mantra AUM é usado pelo budismo e hinduísmo, pois o 1o é um segmento do 2o. As 3 letras fazem referência aos 3 principais deuses hidus, Braman, Vishnu e Shiva.
- Dormir em cima das flores: 1a noite da vida, início da vida (lua de mel). Dormir com as flores por cima do corpo, última noite (morte). 
- Buda geralmente é representado em 5 posições: proteção / benção, pregação, meditação, concentração e ensinamentos. 

Clara, escrevendo sobre o dia 17 de março de 2025

segunda-feira, 17 de março de 2025

Achei a Índia confusa estereotipada

Bom dia, ou seria boa madrugada? Sim acordamos umas 4h da manhã, para pegar a van e voltarmos para Deli. Foram +/- 4h30min de viagem, dos quais acho que só consegui cochilar uns 30min (fiquei escrevendo pro blog, kkkkk).

Ao chegarmos no aeroporto vi como as coisas pode ser confusas. Assim como no Egito, só podem entrar no aeroporto quem tem cartão de embarque. Depois despachamos a bagagem e vamos para a segurança. Aqui, a confusão aumenta muito: tem que deixar todos os eletrônicos, incluindo cabos, expostos na bandeja (não pode estar nem em uma necessaire). Depois de colocar as coisas na bandeira, você vai para outro lugar pra passar pelo detector de metais (ou sei lá o quê). A fila de mulheres é imensa e é diferente da dos homens (além de ter menos portais). Aí você volta pro lugar onde suas coisas passaram, e espera. Continua esperando. Nem os próprios guardas / funcionários se entendem. A bolsa passa várias vezes seguidas pela máquina, você não entende o motivo, tentar falar / explicar e é completamente ignorada, sem contar que parece que eles precisam tocar em tudo! O saldo é que teve gente do grupo cujas calcinhas ou dinheiros "sumiram"...

Ah, esqueci de comentar: SEMPRE antes de entrar nos hotéis, ao menos todos que fomos até agora, precisamos passar todas as bolsas e malas pelo detector de metais, assim como nós mesmas. E isso SEMPRE que entrar, independente se foi a primeira vez no hotel ou se você saiu por 5 minutos! 

Voltando para o aeroporto, entramos na sala de embarque e fui no KFC pegar um frango. Que desespero... O único frango que eles disseram que não era apimentado (o popcorn) era MUITO apimentado. Eu não consegui comer praticamente nada! Provei um pedacinho, morri! Coloquei catchup, peguei outro pedacinho, morri mais ainda, então desisti do frango e fiquei só na batata-frita. Embarcamos, avião demorou para decolar (não sei o motivo, estava ouvindo música). O voo teve duração de +/- 2 horas, consegui dormir um pouco, ainda bem!

Chegamos em Veranasi, estávamos em cima da hora de ver a cerimônia no rio Ganges. Deixamos as malas no hotel (nem subimos para os quartos), pegamos um tuk tuk, que foi em alta velocidade até chegarmos no lugar perto do rio. De lá, fomos andando até a margem do rio Ganges, onde pegamos um lugar maravilhoso para ver a cerimônia. Parecíamos VIP, com um lugar na sacada em frente à cerimônia! Mas antes de falar dela, preciso falar sobre a jornada... 

Definitivamente posso dizer que encontrei a Índia estereotipada. Tudo o que se pensa e se fala, foi possível ver e vivenciar: um milhão de pessoas, tudo junto e misturado em um trânsito realmente caótico, pessoas na contra mão é normal, sinal vermelho é enfeite, vimos várias vacas simplesmente andando ou paradas no meio da rua, assim como cachorros, MUITO lixo, pessoas jogando lixo na rua apwnas "porque sim", homens fazendo xixi na rua, buzinas... Ah, as buzinas... Acho que daria um capítulo a parte pois desde Deli você percebe que é cultural, mas aqui em Varanasi atinge um outro nível de buzina e intensidade! O guia local, Daya, falou antes de sairmos do tuk tuk que era para encarnarmos a leoa, que não poderíamos ser gentis ou cuidadosas se não seríamos atropeladas, que é necessário ter atitude e simplesmente andar. Chegando à margem do rio, perto da cerimônia, passamos por alguns Sadhus: devotos de Shiva que renuncian aos bens materiais para buscar a iluminação espiritual, vivem de doações, cobrem seus corpos com cinzas  (sem roupa alguma) e são respeitados como santos e sábios. Eu tinha visto fotos, mas não me lembro de te-los visto ao vivo.

Em relação à cerimônia Ganga Aarti, ela é bem parecida com a do Nepal. Todo dia é feita uma pequena ao nascer do sol, e no pôr do sol uma completa com sete sacerdotes e com o lugar lotado! Essa cerimônia é uma expressão de devoção, gratidão e reverência ao rio Ganges, considerado sagrado e uma deusa viva chamada Ganga. Os sacerdotes realizam a cerimônia usando diversos itens e instrumentos como a água do Rio Ganges para a purificação dos devotos, os mantras e os shankh (cochas), que são entoados para favorecer a imersão e meditação, incensos para realizar a purificação do ambiente, lamparinas com fogo para simbolizar a luz divina, e oferendas de flores que são levadas ao rio. A cerimônia é linda, impactante, intensa, mas confesso que do meio pro final eu fiquei mais incomodada com a poluição sonora (sinos tocando nas estruturas, sinos nas mãos dos sacerdotes, tambores, mantras sendo cantados, o shankh sendo tocado, as pessoas, a música da cerimônia ao lado... Mas valeu muito a pena!

Na volta, passamos pelo mesmo trânsito caótico, chegamos ao hotel, pedi uma comida no quarto e fui dormir.

Clara, escrevendo sobre o dia 16 de março de 2025

sábado, 15 de março de 2025

Ressaca do Holi com massagem

Adivinhem? Mais um dia acordando cedo para conseguir pegar uma atração linda de Jaipur vazia: Patrika Gate.

Antigamente, a cidade de Jaipur era uma cidade murada, por isso ainda hoje a cidade possui diversos Gates. São 7 portões históricos, e outros 2 portões mais novos: um deles, construído e aberto ao público em 2016, é justamente o Patrika Gate. Esse nome veio do grupo de comunicações que o construiu, Grupo Patrika. O monumento homenageia o patrimônio arquitetônico e cultural de todas as regiões do Rajastão, tendo cada pilar contando em forma de pintura alguns fatos importantes sobre diferentes partes do estado do Rajastão. Feito o contexto histórico, agora a explicação de ir cedo (06:30): exatamente por ser tão bonito, todo dia lá enche de noivos e fotógrafos para fazerem ensaios fotográficos! Quando chegamos, de fato não tinha ninguém. Mas uns 30 minutos depois, já tinham várias pessoas! O portão realmente é lindo, e cada canto, parede ou pilastra tem um detalhe diferente, uma pintura ou mesmo uma escultura... 

Voltamos ao hotel, comemos um café da manhã divino, e fomos explorar a pink city! Jaipur foi pintada de rosa em 1876 para dar as boas-vindas ao Príncipe de Gales, Albert Edward (que Depois se tornou Rei Eduardo VII). A cor rosa foi escolhida porque simboliza hospitalidade e acolhimento. Desde então, a tradição de manter os edifícios pintados de rosa se manteve, tornando-se uma característica marcante da cidade. Hoje, tem uma lei em vigor que exige que todos os edifícios da parte histórica da cidade sejam mantidos pintados de rosa. Agora, o cartão postal da cidade é sem dúvida, o Hawa Mahal (Palácio dos Ventos). Ele possui uma estrutura em forma de favo de mel, composto por 953 janelas, para que as damas reais de Jaipur pudessem observar o cotidiano das ruas e assistir às festividades da cidade quando essas aconteciam, já que elas não podiam sair do palácio e nem ser vistas pelos cidadãos comuns, apenas pelo Marajá. Passeamos pela rua principal, onde tem VÁRIAS lojinha, e subimos no Wind View café que fica bem em frente ao Palácio dos ventos.

Por fim, fomos para Chakrapani Clinic Ayurveda & Research Center, para fazermos uma massagem Ayurveda. Para quem não sabe, a medicina Ayurveda é um dos sistemas de cura mais antigos do mundo, nasceu na Índia há mais de 5.000 anos, e é baseada no equilíbrio entre corpo, mente e espírito. Eu fiz Marma Abhyanga + Shirodhara. Foram duas horas de massagem, durante as quais eu fui MUITO lambuzada de óleo, inclusive no cabelo! A massagem em si é muito boa, tem uma parte em que o óleo quente fica sendo jogado na testa que é uma delícia! Vale muito a pena fazer! Agora, o cheiro... Me enjoou, tanto o cheiro do óleo quanto o da clínica (que agora percebo que deve ter o cheiro estranho justamente por causa dos óleos). Valeu a pena, mas o cheiro me incomodou bastante. 

Outra coisa que eu gostaria de falar da clínica: foi o primeiro lugar em que vi que a maioria das pessoas que estavam trabalhando é mulher! Ou melhor, tirando hotéis, foi o segundo lugar que vi uma mulher trabalhando. O primeiro foi a loja de Sari, e que, mesmo assim, vi só umas 2 mulheres. Aqui, era grande maioria, tanto que chamou atenção. E aí é perceptível como ainda é muito forte a cultura da mulher ficar em casa, especialmente em cidades menores.

Ah, algo curioso: por todos os lugares que passamos, vimos vestígios do Holi Festival, seja através das pessoas manchadas (eu mesmo estou), seja através das ruas com resquícios de cores. Bem dia de ressaca mesmo... 

Depois da massagem voltamos ao hotel, fizemos um "almojanta" e fomos arrumar as malas. 

Clara, escrevendo sobre o dia 15 de março de 2025

Carnaval na Índia (Holi Festival)

Vamos lá, sempre quando eu pensava na Índia, a primeira coisa que vinha na cabeça era Taj Mahal. A segunda era a parte mística e religiosa (meditação, hinduísmo, Yoga, etc.). Depois, muito depois, vinha o Holi Festival. Verdade seja dita: eu só pensei em vir na época do Holi depois que uma amiga minha, Val, comentou sobre o festival. Eu não tinha noção do que eu estava perdendo... 

Primeiro vamos para o informativo: o Holi Festival (ou Festival das Cores) é um festival hindu que celebra a chegada da primavera e simboliza a vitória do bem sobre o mal. O Holi celebra o amor divino entre Krishna e Radha. Krishna, que tinha pele azul, se preocupava sobre Krishna não amá-lo por causa da sua cor. Sua mãe sugeriu que ele pintasse o rosto de Radha, dando início à tradição das cores. Uma explicação alternativa para justificar a utilização das cores é dar boas-vindas à primavera. 


Outra história vinculada ao festival é a de Prahlada. Ele era devoto de Vishnu e seu pai, o rei demônio Hiranyakashipu, não gostava disso. Então o rei planejou com sua irmã Holika, que possuía um xale encantado que a protegia do fogo, a morte do filho. Holika levou Prahlada para uma fogueira, esperando que ele morresse enquanto ela permanecesse ilesa. No entanto, o xale protegeu Prahlada e Holika foi consumida pelas chamas. Isso simbolizou a vitória do bem sobre o mal.


O festival é celebrado em 2 dias:

- Na noite anterior, com uma fogueira chamada Holika Dahan, na qual as pessoas queimam pedaços de madeiras e outros materiais simbolizando destruição do mal.

- No dia do Holi, as pessoas saem às ruas para jogar pós coloridos (gulas), dançar e celebrar.

O dia do Holi é marcado por diversas festas, públicas ou privadas, espalhadas pelas cidades e por todo o país, com muita música, comida e bebida. Sim, trata-se do único dia que o governo autoriza a bebida alcoólica na rua, em ambiente público. Isso fez com que, no nosso grupo, a gente fosse para uma festa privada, para garantirmos tranquilidade e segurança. Renata, muito caprichosa, providenciou tanto as batas brancas para usarmos (praticamente todo mundo usa branco) e os pós coloridos (foram algo em torno de 17kg). A bagunça já começou no ônibus, com muita cantoria, música alta e dança! Chegando no local da festa, já na entrada começamos a jogar as cores uns nos outros! E aqui farei alguns comentários gerais:

- Na festa tinha muitos gringos (que nem nós), mas também tinham indianos, o que foi maravilhoso porque aprendemos com eles a dançar diversas músicas. Isso mesmo, chegou um ponto que estávamos em um grupo grande, todos dançando, e zoando! 

- A festa contou com 2 bandas indianas e músicas mecânicas nos intervalos.

- Gente, sério, eu me senti no Carnaval. Dançando "solta", ouvindo apenas o ritmo das músicas e deixando o corpo me levar! Todos que estavam ali estavam para brincar, para curtir, deixando o clima do lugar muito bacana, bom, positivo! Ninguém ligando por estar suado, todos jogando cores ente si, sem estresse algum... Várias crianças indianas curtindo junto, o que deixava a coisa ainda mais leve e positiva! Eu não tinha noção de que precisava vivenciar essa festa, e sou muito grata por ter tido essa oportunidade. Uma frase que Bruna Porto, aqui do grupo, falou e que representa muito esse momento e sentimento é "colorindo por fora, limpando por dentro".

- No final, tive o previlegio de vivência uma cena maravilhosamente fofa: estávamos saindo, e eu ainda tinha comigo um saco cheio de pó colorido. Me cruzei com uma família indiana, parei e fui dar o saquinho para uma garota pequena, devia ter uns 3 ou 4 anos. Quando mostrei o saquinho pra ela, ela pegou um pouco do gula, com as duas mãos fofas, e de forma muito cautelosa e meiga colocou nas minhas bochechas. Eu morri! Com isso me abaixei ainda mais, peguei um pouco e coloquei nas bochechas dela. Aí insisti para entregar o saco e ela repetiu a ação. Linda demais! Deu vontade de levar ela para casa! Paty, também do grupo, fez o mesmo movimento com ela, linda demais! Aí insistir com a mãe que estávamos querendo dar o saco, então ela pegou e agradeceu! 

- Já do lado de fora, nós ficamos cantando no meio da rua! A galera do trânsito e da rua zoando e cantando junto, bem divertido. Aí chegou uma hora que começamos a cantar "Eu não vou embora", e chegaram 3 brasileiras correndo e começaram a cantar conosco! Depois passaram alguns brasileiros em um tuk tuk e ficaram cantando também. Foi bem engraçado, muito divertido mesmo!

Voltamos para o hotel, tomamos um banho (afemaria... Banho longo!), almoçamos no hotel mesmo e voltamos para a região onde fizemos a meditação no dia anterior. Lá tinha uma joalheria (não vi nada de interessante), tivemos uma consulta com astrólogo (a astrologia não bateu, mas a leitura de mão bateu direitinho) e fizemos um desenho de rena na mão. Depois voltamos para o hotel.

Clara, escrevendo sobre o dia 14 de março de 2025

sexta-feira, 14 de março de 2025

Tour em Jaipur

Mais uma vez o dia começou cedo, muito cedo, muito cedo mesmo! Saímos do hotel 06h da manhã pois às 06:30 tínhamos uma aula de Yoga, focado em respiração. 

A aula foi na casa do guru Satish GuruJi, e foi ele mesmo quem a conduziu. Confesso que tive um pouco de dificuldade para entender ele, mas uma coisa interessante que ele comentou é que todo mundo costuma respirar melhor de um lado da narina, mas esse lado muda devido a diversos fatores relacionados ao corpo da pessoa. Terminada a aula, tivemos um café da manhã vegano e orgânico. Eu comi umas frutas e um biscoito bem bom!

Saímos de lá e começamos o tour por Jaipur. Primeiro passamos pelo Paço de Água Panna Meena Ka Kund, um baori (poço em degraus), construído no século XVI, esse poço era essencial para o armazenamento de água durante todo o ano. Além de sua função prática, o local servia como um ponto de encontro para os viajantes e uma área de descanso para aqueles que passavam pela região. Ele é bem bacana, com várias escadas simétricas que levam até a base do poço, cujo nível de água pode variar a depender das chuvas. Hoje não é mais possível descer as escadas, assim como a água não é mais potável.


Próxima parada foi Amber Fort. Ele foi construído em 1592 para ser moradia do imperador. Fica no topo das colinas que rodeiam a cidade de Jaipur, podendo subir até ele de jipe ou de elefante. Nós fomos de jipe, claro! Nas colinas, na verdade, existem 3 fortalezas construídas e com conexões entre si via passagens secretas, mas só exploramos a Ambar. Sua muralha é a 3a maior do mundo, com 12km. As edificações foram construídas por diversos imperadores ao longo do tempo, até que no século 18 o então imperador resolveu construir sua moradia em Jaipir, a atual Palácio da Cidade. O lugar é muito bonito e tem uma vista linda para um lago artificial.

A parada seguinte foi justamente no Palácio da Cidade. Construído entre 1729 e 1732, ele servia como casa real e sede administrativa dos governantes. Hoje ele continua sendo a residência da família real de Jaipur, porém, uma parte dele está aberto para visitações, abrigando um museu, restaurante e pode ser alugado para realização de eventos. O lugar é bem bonito, mas achei o museu bem fraco.

De lá, fomos almoçar no Bardari Restaurant, que fica no próprio Palácio. O restaurante é lindo, tem várias opções de comida, mas o atendimento é PÉSSIMO. Aqui faço um adendo: atendimento em restaurantes na Índia é ruim como um todo, SEMPRE teve algum erro como entregarem prato errado ou cobrar algo errado na conta. Mas o Bardari conseguiu superar todos que fomos até agora. Os garçons demoravam de nos atender, eles esperaram 20min para informar que os pratos solicitados não tinham mais, entregou prato sem trazer talher e, ainda assim, a gente teve que ir lá pega-los... Enfim, bem caótico. 

Passamos bem rápido por Jaipur Boutique Carpet, uma loja / fábrica de tecidos e tapetes. Estávamos todos cansados, nem ouvi direto as explicações que eles fizeram sobre a tecelagem... 



Terminamos o dia indo para o Birla Temple, um templo hindu construído com mármore branco em homenagem ao deus Vishnu (o Ser Supremo, deus da conservação) e à deusa Lakshmi (deusa da prosperidade, riqueza, fortuna, poder, beleza, fertilidade e prosperidade). Além da construção, o lugar onde ele está é muito bonito! O curioso é que em uma das faixadas tinham imagens de outros deuses ou santos de outra religiões, como Jesus Cristo! 

De lá, voltamos pro hotel. Karen (minha roommate de Jaipur) e eu pedimos comida no quarto e fomos dormir! 

Clara, escrevendo sobre o dia 13 de março de 2025

quinta-feira, 13 de março de 2025

Maravilha da viagem: Taj

 Hoje foi o dia! O dia especial da viagem, o dia de entrar e explorar o Taj Mahal! Quem só foi dormir por volta de 1h da manhã, para acordar as 4h? Ansiedade que fala? 

Sim, acordamos 4h e pouca da manhã para sairmos do hotel às 5h. O objetivo era pegar o Taj com o mínimo de pessoas possível, então chegamos antes da abertura (6h). Fomos os primeiros da fila de turista, mas a fila de indianos já estava imensa... Pela primeira vez senti um pouco de frio aqui, estava uns 18 graus (sim, para mim é frio). Ficamos na fila e, quando abriu, foi uma galera entrando, parecendo uma manada! 

Entramos, fomos andando, andando mais um pouco, viramos à esquerda e deu para ver o Taj Mahal de longe, e aos poucos ele foi se revelando cada vez mais... Chegando no Portal dos Anjos, é possível ver toda a sua  grandiosidade! Gente, me veio um sentimento tão forte, felicidade, gratidão, realização, reflexão... Muitos sentimentos, todos juntos, aí comecei a chorar! Fiquei ali, longe, no meu momento, tentando absorver o que eu estava vivenciando, mais uma Maravilha, mais uma experiência, a concretização de mais um desafio. Fiquei quieta, só sentindo... Aí senti um abraço forte (Ana, minha Parça, super companheira / amiga desta viagem). Fui andando, e recebi mais um abraço forte, acolhedor e encorajador ao mesmo tempo (Renata, nossa super líder). E aí me entreguei ainda mais à gratidão, pois eu estava muito apreensiva pois foi a primeira Maravilha que eu vi com pessoas que possuo zero intimidade, não sabia como agiria e como o pessoal reagiria. Cada visita tenho sentido coisas diferentes, venho trazendo bagagens diferentes, então realmente não sabia se me sentiria à vontade e bem para vivenciar a experiência, e foi maravilhoso. Com esses abraços, eu relaxei e me deixei levar 100% pelo que estava sentindo por estar realizando mais um sonho, concretizando mais uma conquista que, mais uma vez, está vindo com desafios e necessidade de sair da minha zona de conforto... Realmente só tenho a agradecer!  

Agora, voltando ao Taj... O Taj Mahal é um patrimônio da humanidade e uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno. Ele foi construído pelo imperador mogol Shah Jahan em memória de sua esposa favorita Mumtaz Mahal (além dela, ele tinha outras 3 esposas que estão enterradas no complexo, em prédios mais afastados do Taj que hoje são usados pelo governo). A construção começou em 1632 e foi concluída em 1653. Ele queria criar um monumento que simbolizasse seu amor eterno por ela e que durasse por gerações, e tinha planos para fazer um mausoléu para ele, em frente mas do outro lado do rio, de mármore preto. Mas aí ele saiu do poder, o filho dele virou imperador e o prendeu, não havendo, assim, a construção. Algumas curiosidades:

- Tudo no complexo é simétrico, desde a construção do próprio mausoléu branco quanto o jardim e os prédios rosas. Ele construiu uma Mesquita em um lado do Taj Mahal e, para manter a simetria, construiu um prédio igualzinho para ser a "sala de estar". O túmulo dela fica exatamente no centro do prédio. 

- A única coisa não simétrica é o túmulo dele. Originalmente, era para ter o mausoléu idêntico do outro lado do rio. Como o filho dele, então imperador, não autorizou a construção, as filhas pediram para construírem um túmulo ao lado do amor dele. Ou seja, não fazia parte do projeto original. Os corpos do imperador e de sua amada estão mais embaixo, em um lugar que não é aberto para visitação. 

- O prédio fica na beira do rio. Para evitar danificações na estrutura, ele possui como base uma madeira que, quanto mais água, mais firme fica. Com isso, o governo precisa garantir que o Rio sempre tenha água.

- Ele é todo feito de mármore branco com pedras preciosas encrustradas, na mesma técnica que vimos no dia anterior e as inscrições dos portões são versos do Alcorão escritos em persa.

- Os quatro pilares ao redor da cúpula são um pouco inclinados para que, em caso de algum desastre, não caiam sobre o prédio. 

- Antes, tinham várias pedras preciosas por todo mausoléu, além de portas e diversos outros itens de ouro. Segundo Anup (o guia), tudo que hoje está em metal antes era em ouro (portas, detalhes das torres, etc).

Voltamos para o hotel, tomamos café da manhã, pegamos o ônibus e começamos nossa viagem rumo a Jaipur. Assim como no dia anterior, tivemos mais uma tarde de apresentações e depoimentos fortes, lindos e tocantes. 

Anup também ficou um bom tempo compartilhando conosco como funciona atualmente casamentos na Índia. Segundo ele, atualmente 70% da população fica na zona rural, onde o casamento arranjado é mais forte. Ainda assim, 80% dos casamentos indianos, hoje, são arranjados, enquanto que 20% são "por amor". De acordo com Anup, para avaliar a compatibilidade de um casal, é importante que eles tenham costumes equivalentes. Para isso, eles veem castas, religião, região onde cresceram, posição social, árvore genealógica e, acreditem, mapa astral! Enquanto que na cidade o pessoal já usa site de encontros ou classificados do jornal para encontrar pretendentes, na zona rural os pais continuam falando com conhecidos para encontrá-los. Tiveram várias outras curiosidades que ele compartilhou, mas essas foram as que achei mais interessantes! 

Chegamos no hotel, tomamos banho e fomos jantar em um restaurante italiano chamado Bar Palladio. Lugar lindo, comida bacana! De lá voltamos para o hotel. 

Clara, escrevendo sobre o dia 12 de março de 2025

quarta-feira, 12 de março de 2025

Rumo à Agra (e ao Taj)

Bom dia!! Acordamos cedo, tomamos café da manhã e pegamos o ônibus rumo à Agra! Sim, cidade onde fica o Taj Mahal, uma das 7 maravilhas do mundo moderno, um dos motivos para eu estar aqui nesta jornada... 

Como são 05 horas de viagem de Deli a Agra, durante o trajeto tivemos várias coisas: dormidas, aulas sobre diversos assuntos relacionados à cultura indiana por parte de Anup, parada "técnica" em um posto com uma Starbucks muito fofa que tinha uma fachada completamente indiana, e o mais impactante e maravilhoso: cada uma de nós, do grupo, se apresentar e compartilhar histórias! Sim, ao longo das viagens de carro que tivermos, a ideia é que cada uma conte um pouco de si e de sua vida. Acho que já escrevi mas, só pra ratificar: o grupo é formado só por mulheres, e guiado/liderado por uma mulher. Somos um total de 14, sendo Renata a líder que organizar e conduz, Linda que co-lidera, e 12 "turistas" mulheres, de 30 a 50 anos, que também estão em busca de auto conhecimento. As apresentações e histórias de hoje foram lindas e emocionantes!

Chegando em Agra, Anup a chamou de vilarejo, afinal, "só" tem 1 milhão de pessoas... Como é uma cidade muito turística, tem MUITO ambulantes, então Anup nos trouxe mais um aviso: se você tocar em uma mercadoria, mesmo sem querer, vai ter que comprar e, se comprar de um, os outros virão com muita intensidade em cima de você. Vimos isso acontecer com um turista que estava sozinho, foi estranho... Então, se não tiver interesse, nem olhe para a mercadoria! Fora a quantidade de pessoas não ambulantes que chegam perto para pedir dinheiro, principalmente crianças...

Nossa primeira parada foi na Fortaleza Vermelha (ou Agra Fort). O forte serviu como residência principal dos imperadores mongóis até 1638, quando a resistência foi transferida para Delhi. Dentro do forte ficavam diversos edificios do imperador e do governo, como o Diwan-i-Aam (Salão de Audiências Públicas) e o Diwan-i-Khas (Salão de Audiências Privadas), além dos palácios Jahangir Mahal e o Khas Mahal. É bacana observar que a fortaleza não foi construída toda em uma mesma época. As edificações foram construídas por 3 imperadores diferentes, e isso pode ser observado pela arquitetura e material utilizado (arenito rosa ou mármore). Outra curiosidade: estava um calor absurdo, mas as construções são feitas de tal forma que, dentro, vc sentia ar fresco (por causa do material) e vento. No meio do tour pelo forte, o que vimos em uma das janelas? O lindo Taj Mahal! Limdo MESMO, todo imponente! Uma das partes do forte que tem a vista para o Taj é a área onde o imperador mogol Shah Jahan, que o construiu, viveu seus últimos anos preso pelo filho. Ou seja, ele morreu vendo sua obra para sua amada...

De lá, fomos para uma loja / fábrica de objetos feitos com mármore. Não anotei o nome do lugar, mas é muito interessante, especialmente porque ele mostra como os itena são feitos, de forma manual com as pedras incrustadas no mármore. Primeiro eles fazem os desenhos, depois vão raspando e moldando para, por fim, irem colocarem as pedras. Vimos peças lindas e muito bem feitas!

Por fim, terminamos o dia no The Salt Café, que tinha uma vista bem bacana para o Taj Mahal. Vimos o por do sol lá, jantamos e fomos para o hotel. 

Clara, escrevendo sobre o dia 11 de março de 2025

terça-feira, 11 de março de 2025

Agora uma Índia mais parecida com as do filme

Bom dia! Hoje foi o dia de conhecermos Old Deli, ou seja, a parte mais antiga da cidade, com mais "bagunça", ruas muito mais cheias, muito morador de rua, e vacas... SIM, finalmente vi vacas, 2 na verdade!

Primeiro passamos pela frente do templo Shri Digambar Jain Atishay Kshetra Lal Mandir, o mais antigo e conhecido templo Jain. Passamos por ele para o guia nos mostrar como a suástica é presente em diversos símbolos de religiões indianas. Ele explicou que a suástica significa boa sorte no hinduísmo, pois, de acordo com a lenda, o elefante cuja cabeça foi pra Ganisha, teve seu corpo encontrado  no formato da suástica, e Shiva definiu que simbolizava boa sorte. E quando o símbolo possui pontos, significa proteção, sem pontos é só decoração. 

Depois começamos a explorar Old Deli e fomos em direção ao templo de Shiva. O curioso: hoje é segunda-feira, dia de Shiva. Então, o Templo estava lotado! Compramos oferenda e fomos levar ao templo. Gente, uma confusão! Tiramos os sapatos, entramos no templo, e para conseguir chegar no lugar de colocar as oferendas, foi uma doideira.. Sério! Não consegui sentir nada, ver nada, uma loucura de gente, de empurra-empurra, pessoas limpando o chão só excesso de água, outras querendo sair, outras simplesmente paradas... Aí saímos de lá, fomos para uma área lateral, e de repente o pessoal começou a cantar / rezar, em um outro local de frente ao local de colocar as oferendas, e veio uma coisa tão forte que simplesmente fui pra lá. Que energia! Me arrepiei, cheguei a me emocionar. Fiquei quieta, só observando as pessoas, a unidade que se formou naquele canto, a vibração de cada um.. Aí uma indiana me deu uma vela e me mostrou o que fazer com ela, eu fiz, depois ficou batendo palmas, e todos cantando enquanto as pessoas entravam para dar as oferendas... MUITO especial! Aí reparamos que tinham pessoas fazendo fila para "falar" com o touro e assim como no Nepal (claro, mesma religião), Anup (o guia) explicou que, como Shiva está meditando, as pessoas falam seus desejos / pedidos para o boi que, quando Shiva acordar, vai repassar pra ele.

Seguimos a caminhada por Old Deli até chegarmos no Gurdwara Sis Ganj Sahib, templo Sikh construído em 1783. A religião Sikh foi fundada no século 15, e uma característica de todos os templos é que eles servem comida e bebida de forma gratuita todos os dias, para qualquer pessoa que entre no local do refeitório, pois o foco da religião é fazer o bem à comunidade. Outra característica é que eles rezam pra um livro, e não para um santo ou guru. Eles acreditam que depois de um tempo, tudo o que os gurus sabiam e podiam compartilhar já foi transcrito no livro então não é mais necessário adorar alguém, então é importante que todos aprendam a ler para estudarem o livro. Com isso, as pessoas no templo rezam virados para o livro, que fica no "altar". Para entrar no templo, é necessário que todos (mulheres, homens, crianças) tirem os sapatos e cubram a cabeça, em sinal de respeito. Dentro tem um mini "altar" com o livro, ao lado um trio cantantando e tocando cânticos e o chão todo de tapete. Na frente, a sala é grande e completamente vazada com um espaço imenso delimitado pra as pessoas entrarem, sentarem ou ajoelharem, e rezarem (no tapete). Do lado de fora dessa delimitação (mas ainda dentro da sala) também tem tapete, mas pode ficar em pé. O Templo fica aberto 24 horas, mas o livro fica exposto "apenas" das 5h às 22h, e a área onde eles dão comida fica em outro local.


De lá entramos ainda mais em Velha Deli. Me lembrou as ruelas "toscas" do Nepal, que só passavam tuk-tuk e com a fiação de luz que parecia um ninho, porém em uma escala absurdamente maior (de tamanho, de gente passando, de fios pendurados, de quantidade de lojas...). Só ficamos em uma parte pequena, que tinha comidas e roupas, e era um mundo! O guia só fazia repetir "não se percam, fiquem em fila indiana, me avisem se pararem"... Outras duas dicas importantíssimas que ele deu foram: 1) não dê dinheiro pra ninguém. Se você der para uma pessoa, várias vão chegar junto. 2) negociem, não aceitem o 1o preço. Entre as lojinha que vimos e paramos, destaco uma que estava vendendo pó colorido para o Holi Festival (com cores absolutamente vivas, lindas) e uma que vendia especiarias. Mas essa segunda relativamente arrumadas, com qualidade! E para voltar para o ônibus, a melhor parte: voltamos de Rikhisaw (mas que eu chamo de tuk tuk). O início normal, com os sustos normais, várias vezes achamos que o cara iria atropelar alguém ou bater em outras pessoas (ou motos, ou carros, ou outros tuk tuks). Aí o cara começou a pedir dinheiro, e já tinha nos falado que não era para darmos nada, pois o guia já tinha pago. Aí nos fingimos de desintendidas e, de repente, o cara foi pra contra mão! Sim, isso mesmo, estávamos indo e os carros vindo em nossa direção! Ana e eu gritamos feito duas doidas aí não aguentei e comecei a ter crises de risos... E ele equanto pedalava, virava pra gente e fazia o símbolo de dinheiro com a mão como se estivesse pedindo dinheiro.. 


Enfim, mesmo com essa confusão toda, chegamos salvas no ônibus! Fomos almoçar no restaurante The Imperial Spice, e depois fomos para o Qutb Minar, lugar onde tem a maior torre de tijolo do mundo. Ela fica em um complexo arqueológico de mesmo nome. Anteriormente, o complexo alojava um conjunto de vinte e sete templos hindus e jainistas que foram demolidos para utilizar material na construção da Mesquita Quwwat-ul-Islam, ao lado do Qutb Minar. 

De noite, fomos para um dos 50 melhores restaurantes da Ásia, o Indian Accent. Ó restaurante fica dentro de um hotel e realmente é muito bom. O pessoal pegou o menu degustação, mas eu peguei A La Carte, afinal, meu paladar infantil não gostou dos pratos que foram servidos... 

Clara, escrevendo sobre o dia 10 de março de 2025